OMS apela para que seringas "inteligentes" sejam utilizadas em todo o mundo [1]
De acordo com um estudo da agência das Nações Unidas, a má utilização de seringas causou em 2010 mais de dois milhões de infecções com os vírus da hepatite B e C, e mais de 30 mil casos de HIV. Por essa razão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apela para que todas as unidades de saúde adotem seringas inteligentes ou de uso único. A campanha destina-se a acabar com as injeções inseguras, em que as mesmas seringas são utilizadas mais que uma vez.
As novas orientações e a nova política de segurança da injeção fornece recomendações detalhadas que destacam a importância da utilização de seringas seguras equipadas com sistemas que protejam os trabalhadores da saúde contra picada acidental da agulha e um consequente risco de infecção.
A OMS também enfatiza a necessidade de reduzir o número de injeções desnecessárias para reduzir o fator decisivo de risco. A cada ano, 16 milhões de injeções são aplicadas. Cerca de 5% destas servem para imunizar crianças e adultos, e mais 5% é utilizado em procedimentos tais como as transfusões de sangue ou contraceptivos injetáveis. Nos 90% restantes, as injeções são aplicadas inserindo a agulha no tecido muscular (intramuscular) ou na pele (por via subcutânea ou por via intradérmica) para administrar o medicamento. Em muitos casos, estas injeções são desnecessárias ou podem ser substituídas por medicação oral.
"Sabemos quais são as razões por que isso está acontecendo", afirmou Dr. Edward Kelley, diretor do Serviço de Entrega e Segurança da OMS. "Uma das razões é que, em muitos países, as pessoas têm a expectativa de que aplicar injeções é o sistema mais eficaz. Outra é que nos países em desenvolvimento, muitos profissionais de saúde administram injeções em seus consultórios particulares para complementar seu salário, que pode não ser o suficiente para sustentar suas famílias", completou.
A transmissão da infecção através de injeções contaminadas ocorre em todo o mundo. Por exemplo, em 2007, a causa de um surto de hepatite C no estado de Nevada (EUA) foi localizado na clínica de um único médico que injetou um anestésico para um paciente que teve hepatite C. O médico, então, usou a mesma seringa para extrair outras doses de anestésico a partir do mesmo frasco, o qual foi contaminado com o vírus da hepatite C, e aplicou injecções em outros pacientes. No Camboja, um grupo de mais de 200 crianças e adultos que vivem perto da segunda maior cidade do país, Battambang, haviam testado positivo para HIV em dezembro de 2014. Posteriormente, o surto foi atribuído à aplicação de injeções sem medidas de segurança.