Mais de 1,4 bilhão de adultos correm risco de saúde devido à falta de atividade física [1]
Novo relatório revela que não há melhorias desde 2001; uma em cada três mulheres e um em cada quatro homens não faz exercício suficiente para ser saudável; Brasil entre países onde o problema mais cresceu; Moçambique tem um dos melhores resultados em todo o mundo. O estudo foi realizado por pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado no The Lancet Global Health.
Mais de um quarto da população adulta mundial, ou cerca de 1,4 bilhões de pessoas, não era suficientemente ativa em 2016. Essa população apresenta maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e alguns tipos de câncer.
A conclusão é do primeiro estudo da Organização Mundial da Saúde, OMS, que avaliou a atividade física global ao longo do tempo.
Lusófonos
A pesquisa, publicada esta quarta-feira, em Genebra, foi feita em 168 países e incluiu 1,9 milhão de participantes. Apesar de não apresentar os valores individuais para todos os Estados, destaca alguns países lusófonos.
Moçambique e Uganda, com 6%, têm as taxas mais baixas de inatividade física. Outros cinco países, Lesoto, Tanzânia, Niue, Vanuatu e Togo, tinham taxas abaixo dos 10%.
Na posição oposta, as maiores taxas eram encontradas no Kuwait, Samoa Americana, Arábia Saudita e Iraque, onde mais da metade de todos os adultos eram insuficientemente ativos.
O estudo analisou 65 países que levantaram dados sobre este tema entre 2001 e 2016. O Brasil estava entre os Estados onde a falta de atividade física mais aumentou, com um crescimento superior a 15%.
Os autores do estudo explicam que a subida é causada por desenvolvimento econômico e urbanização, mas deixam um aviso. Apesar da “descida em atividade doméstica e ocupacional ser inevitável, é essencial dar incentivo para atividade física de transporte e de lazer, através de infraestruturas públicas e promoção de normas sociais.”
Diferenças
Segundo a OMS, um adulto deve cumprir 150 minutos de atividade física moderada por semana, ou 75 minutos de alta intensidade, para se manter saudável. Em 2016, 32% das mulheres e 23% dos homens não cumpria estes objetivos.
Esta diferença entre gêneros verificava-se em todas as regiões do mundo, menos no sul e sudeste asiático. Em nota, uma das autoras do estudo, Fiona Bull, disse que “resolver esta desigualdade é essencial para alcançar os objetivos globais e exige intervenções para promover oportunidades seguras, acessíveis e culturalmente acessíveis para as mulheres. ”
Os níveis de atividade física insuficiente são mais do que o dobro nos países de alta renda em comparação com os países de baixa renda, e aumentaram em 5% nas nações mais ricas entre 2001 e 2016. Segundo a pesquisa, a transição para ocupações mais sedentárias e meios de transporte motorizados são os grandes motivos desta mudança.
Objetivos
A pesquisa afirma ainda que a situação teve pouco progresso entre 2001 e 2016. Se a tendência se manter, o objetivo de reduzir a taxa de insuficiência de atividade física em 10% até 2025 não será cumprida.
Em nota, a autora principal do relatório, Regina Guthold, explicou que “ao contrário de outros riscos de saúde globais, os níveis de insuficiência de atividade física não estão a cair mundialmente. ”
Para Guthold, isso “é uma grande preocupação para a saúde pública e prevenção de doenças crônicas. ” A especialista diz que cerca de 75% dos países têm um plano de ação sobre este tema, mas poucos foram implementados e tiveram impacto.
A pesquisa é publicada três semanas antes do 3º Encontro de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Doenças Não Transmissíveis, que acontece a 27 de setembro em Nova Iorque.