RETS - Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde
Publicado em RETS - Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (http://www.rets.epsjv.fiocruz.br)

Início > Organização Mundial da Saúde alerta lacuna superior a 50% no tratamento da epilepsia nas Américas e no Caribe

Publicado em: 25/01/2019

Organização Mundial da Saúde alerta lacuna superior a 50% no tratamento da epilepsia nas Américas e no Caribe [1]

 
  • Facebook [2]
  • [3]
Rafaela de Oliveira

[4]

“As pessoas que têm epilepsia e não recebem tratamento sofrem com episódios recorrentes. Isso pode afetar seus estudos, trabalho e qualidade de vida, além das suas famílias”, declarou a assessora regional da Organização Pan-Americana da Saúde para saúde mental, Claudina Cayetano. A doença é um dos transtornos neurológicos mais comuns, que afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo. Destas, cinco milhões são das Américas e do Caribe. Estima-se que mais da metade desses pacientes não recebam tratamento. Por esta razão, a Opas publicou o documento “The Management of Epilepsy in the Public Health Sector 2018” (disponível em inglês [5] e espanhol [6]). A Organização que também é escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que a epilepsia seja um problema prioritário de saúde pública.

Apesar dos dados preocupantes, dois em cada três países da região não possuem um programa para atender os afetados pelo transtorno. A atenção às doenças crônicas não transmissíveis tem ganhado força nos últimos anos. A partir de 2011, o Conselho Diretivo da OPAS adotou uma estratégia para melhorar a resposta do setor da saúde. Quatro anos depois, a Assembleia Mundial da Saúde também reconheceu a carga da epilepsia e a necessidade de os países tomarem medidas coordenadas para lidar com suas consequências. Entretanto, os resultados ainda não têm sido satisfatórios.

Acesso a medicamentos

Acredita-se que as razões pelas quais as ações nas Américas e no Caribe não têm sido efetivas são, entre outros fatores: a falta de profissionais capacitados, o pouco incentivo de educação sobre a epilepsia, tanto para pacientes quanto para a população em geral, e a indisponibilidade de medicamentos – sobretudo no âmbito da atenção primária de saúde (APS).

Segundo a Opas, a maior parte desses países possui os quatro remédios essenciais para o tratamento da epilepsia, no entanto, apenas em serviços especializados. Isto é, o acesso aos medicamentos é limitado, enquanto, na verdade, deveria ser amplo na APS. A OMS recomenda uma integração do manejo da doença, já que considera o diagnóstico como essencialmente clínico e que pode ser realizado por médicos não especialistas. Os episódios do transtorno podem ser controlados por meio do tratamento com apenas um dos fármacos básicos (monoterapia). Para promover o acesso aos antiepilépticos a preços acessíveis e reduzir essa grande lacuna de tratamento, a OPAS conta com o Fundo Estratégico, mecanismo de cooperação com os países.

O guia

Além desses pontos, o guia também oferece estratégias de prevenção da epilepsia, como a promoção da gravidez e do nascimento sem riscos, a prevenção dos traumatismos cranioencefálicos e acidentes vasculares cerebrais, bem como o aumento da sensibilização e do público.

A nova publicação, que se soma aos recentes esforços desta década, foi submetida à consulta de um grupo de profissionais da Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE) [7] e do Bureau Internacional para a Epilepsia (IBE), [8] assim como de especialistas da Liga Chilena contra a Epilepsia e da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, ambas centros colaboradores da OPAS/OMS.

Sobre a Epilepsia

A epilepsia é caracterizada por crises recorrentes, que podem durar entre poucos segundos e alguns minutos. A doença afeta pessoas de qualquer faixa etária, por razões diversas [9]. Em alguns casos, há uma ligação genética, mas outras causas [10] incluem danos cerebrais por lesões pré-natais ou perinatais; anomalias congênitas ou malformações cerebrais; traumatismos cranioencefálicos; acidentes cerebrovasculares; infecções como meningite, encefalite e neurocisticercose; e tumores cerebrais.

Entre transtorno é responsável por 0,5% da carga global de doenças. Dois milhões de novos casos ocorrem todos os anos no mundo, mas em países em desenvolvimento esse registro é duas vezes maior do que o dos desenvolvidos. Quanto à mortalidade, na América Latina e no Caribe a taxa é de 1,04 por 100.000 habitantes, superior a 0,50 por 100.000 habitantes nos Estados Unidos e no Canadá.

Tratamento

70% das pessoas afetadas podem ser tratadas com medicamentos básicos e somente 10% dos casos requer uma abordagem especializada com dieta ou cirurgia. Já sobre a eficácia, cerca de 20% dos casos complexos não respondem. Estima-se, porém, que, se a cobertura do tratamento com medicamentos antiepilépticos for estendida para 50% dos casos, a atual carga global da doença seria reduzida entre 13% e 40%.

80% dos países da região das Américas e do Caribe não possuem legislação apropriada sobre a doença. "Com um diagnóstico oportuno, tratamento adequado, dieta saudável e controle do estresse, até 70% dos acometidos pela doença podem reduzir as crises e levar uma vida plena e ativa”, finalizou Claudina Cayetano.

Fotos/Ilustrações: 

Crédito da foto: SewCream/Shutterstock.com

Fonte: 

Opas/OMS [11]
Av. Brasil - 4365 - Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - CEP 21040-360 - Tel.: (21)3865.9797

Autenticar

    WHO

  • OPAS
  • -->

  • Fiocruz
  • EPSJV
  • -->

Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil (CC BY-NC-ND 3.0 BR)

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons


URL de origem:http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/noticias/organizacao-mundial-da-saude-alerta-lacuna-superior-50-no-tratamento-da-epilepsia-nas?page=5

Links
[1] http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/noticias/organizacao-mundial-da-saude-alerta-lacuna-superior-50-no-tratamento-da-epilepsia-nas [2] http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/javascript%3A%20void%280%29%3B [3] https://twitter.com/intent/tweet?original_referer=http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/noticias/organizacao-mundial-da-saude-alerta-lacuna-superior-50-no-tratamento-da-epilepsia-nas&source=tweetbutton&text=Organização Mundial da Saúde alerta lacuna superior a 50% no tratamento da epilepsia nas Américas e no Caribe - http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/noticias/organizacao-mundial-da-saude-alerta-lacuna-superior-50-no-tratamento-da-epilepsia-nas [4] http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/240119-epilepsia.jpg [5] http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/49509/epilepsia_english_OK.pdf?sequence=1&isAllowed=y&ua=1 [6] http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/49509/epilepsia_espan%CC%83ol_OK.pdf?sequence=2&isAllowed=y&ua=1 [7] https://www.ilae.org/translated-content/portuguese [8] https://www.ibe-epilepsy.org/ [9] http://epilepsia.org.br/o-que-e-epilepsia/ [10] http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2046-epilepsia [11] https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5857%3Amais-da-metade-das-pessoas-com-epilepsia-na-america-latina-e-no-caribe-nao-recebem-tratamento&Itemid=839