Fortalecer cooperação e intercâmbio com países do BRICS é fundamental para avançar nos compromissos prioritários em saúde, afirma diretor da OPAS [1]

O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, fez um chamado por esforços conjuntos e novas parcerias para abordar as prioridades delineadas na agenda de saúde do BRICS, incluindo inovação, equidade, sistemas alimentares para dietas saudáveis e preparação para pandemias.

“Os países do BRICS não são apenas potências econômicas e políticas, mas também líderes em saúde pública”, afirmou Barbosa durante a cerimônia de abertura da 15ª Reunião de Ministros da Saúde do BRICS, em Brasília,  “juntos, seus países representam mais de 40% da população mundial e seus avanços em cobertura de saúde, resposta a epidemias e inovação local têm relevância global.”

Para o diretor da OPAS, os países das Américas — particularmente América Latina e Caribe — enfrentam desafios estruturais semelhantes aos dos países do BRICS e estão trabalhando para alinhar prioridades de saúde, inclusive por meio do enfrentamento da carga de doenças crônicas não transmissíveis, da modernização dos sistemas de saúde, da preparação para os impactos das mudanças climáticas na saúde, da promoção da saúde digital e da inovação, da eliminação de doenças transmissíveis e da promoção de dietas mais saudáveis.

“Esses objetivos compartilhados representam uma oportunidade clara para o BRICS e os países das Américas aprenderem uns com os outros, colaborarem mais profundamente e desenvolverem em conjunto as ferramentas e soluções necessárias para proteger a saúde e promover o desenvolvimento”, disse Jarbas Barbosa.

“A OPAS está totalmente comprometida em apoiar iniciativas regionais e globais que elevem a saúde como um impulsionador de oportunidades econômicas e inclusão social”, acrescentou o diretor, destacando o papel da Organização como parceira estratégica.

A 15ª Reunião de Ministros da Saúde do BRICS, realizada em 17 de junho, reuniu ministros da Saúde e outras autoridades de alto nível dos seguintes países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Cuba, Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Malásia, Nigéria e Emirados Árabes Unidos.

Durante a Reunião, os delegados do BRICS também aprovaram uma Declaração para fortalecer a cooperação em saúde. Segundo a Declaração, os países trabalharão juntos para enfrentar os desafios globais da saúde, inclusive por meio da colaboração com o Sul Global.

Outras áreas de foco incluem o fortalecimento da produção local e regional de medicamentos, vacinas e suprimentos de saúde, acelerando a equidade em saúde por meio da eliminação de doenças socialmente determinadas, garantindo acesso equitativo a inovações relacionadas à tuberculose, promovendo a convergência regulatória voluntária, expandindo a pesquisa em saúde, promovendo a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas, fortalecendo a inteligência artificial na assistência médica e promovendo uma infraestrutura de saúde sustentável e resiliente.

“Gostaria de agradecer especialmente (pelo apoio ao BRICS) à Organização Mundial da Saúde (OMS) e à OPAS, aqui representadas pelo Dr. Jarbas Barbosa”, disse o ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, após a aprovação da Declaração.

Abordando doenças crônicas não transmissíveis
Durante a Reunião Ministerial, Jarbas Barbosa também participou de um evento de alto nível sobre a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis e suas contribuições para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).

Globalmente, as DCNT, incluindo doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias crônicas e diabetes, são responsáveis por aproximadamente 71% de todas as mortes, muitas das quais poderiam ser prevenidas. No entanto, embora o mundo tenha testemunhado um aumento drástico e sustentado na carga das DCNT, "menos de 2% da assistência oficial ao desenvolvimento é destinada a elas", ressaltou o diretor da OPAS.

“Dietas pouco saudáveis – ricas em gorduras trans, gorduras saturadas, açúcares livres e sódio, e pobres em grãos integrais, frutas, legumes e verduras – são um fator central na epidemia de DCNT”, acrescentou.

Essas dietas são impulsionadas pelo aumento global de alimentos ultraprocessados, cujo marketing agressivo “impulsionou uma rápida transmissão nutricional entre países de alta e baixa renda”, disse Barbosa.

Para abordar essas questões, o diretor da OPAS e os países do BRICS compartilharam experiências e lições aprendidas importantes para prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como advertências frontais nas embalagens, tributação de bebidas açucaradas e regulamentação do marketing de alimentos não saudáveis.