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Publicado em: 28/06/2019

35 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos causados por uso de drogas

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Rafaela de Oliveira

Cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos causados por uso de drogas e apenas uma em cada sete pessoas recebe tratamento. As conclusões são do Relatório Mundial sobre Drogas 2019 (diponível em inglês), divulgado em 26 de junho pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc. A data marca o marca o Dia Internacional Contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito. Segundo o novo levantamento, apenas uma em cada sete pessoas recebe o tratamento necessário; existem 53 milhões de usuários de opiáceos, 56% acima das estimativas anteriores.

Conclusões da pesquisa

As consequências negativas do uso de drogas para a saúde são mais graves e generalizadas do que se pensava. Existem 53 milhões de usuários de opiáceos, 56% acima das estimativas anteriores. Este tipo de drogas também é responsável ​​por dois terços das 585 mil pessoas que morreram como resultado do uso de drogas em 2017. Em todo o mundo, 11 milhões de pessoas injetaram drogas em 2017. Deste total, 1,4 milhões vivem com HIV e 5,6 milhões com hepatite C.

O diretor executivo do Unodc, Yury Fedotov, disse que as conclusões da pesquisa “preenchem e complicam ainda mais a situação global dos desafios das drogas.” Segundo ele, elas destacam “a necessidade de uma cooperação internacional mais ampla para promover respostas equilibradas e integradas de saúde e justiça criminal."

Aumento

Em 2017, estima-se que 271 milhões de pessoas, ou 5,5% da população global entre 15 e 64 anos, tenham usado drogas no ano anterior. Embora seja semelhante à estimativa de 2016, uma visão de longo prazo revela que o número de pessoas que usam drogas é 30% maior do que em 2009. Esse aumento foi, em parte, causado por um crescimento de 10% na população global com idade entre 15 e 64 anos, mas também existe maior prevalência de uso de opioides na África, Ásia, Europa e América do Norte e uso de maconha na América do Norte, América do Sul e Ásia.

A pesquisa aponta também um recorde na produção ilegal de cocaína, alcançando 1.976 toneladas em 2017, um aumento de 25% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, a quantidade global de cocaína apreendida aumentou 13%, para 1.275 toneladas, a maior quantidade já registrada.

Crise

A crise de overdose de opiáceos sintéticos na América do Norte também alcançou novos patamares em 2017, com mais de 47 mil mortes registradas nos Estados Unidos, um aumento de 13% em relação ao ano anterior. No Canadá, morreram 4 mil pessoas, um aumento de 33%. O fentanil e produtos semelhantes continuam sendo o principal problema na região.

No oeste, centro e norte da África a crise é causada por outro opioide sintético, chamado tramadol. As apreensões globais desta substância passaram de menos de 10 kg em 2010 para quase 9 toneladas em 2013 e, em 2017, atingiram o recorde de 125 toneladas. A droga mais usada no mundo continua a ser cannabis, com cerca de 188 milhões usuários em 2017. Uma área em que a comunidade internacional obteve algum sucesso foi na abordagem de novas substâncias psicoativas, onde o número de novos produtos identificados desceu pela primeira vez.

Prevenção

A prevenção e o tratamento continuam a ser insuficientes em muitas partes do mundo, com apenas uma em cada sete pessoas com distúrbios causados por uso de drogas recebendo tratamento a cada ano. O relatório afirma que “isso é particularmente impressionante nas prisões.” Os dados sugerem que a prevalência de doenças infecciosas, como HIV, hepatite C e tuberculose, é desproporcionalmente maior entre as populações das prisões do que entre a população em geral.

Apenas 56 países oferecem terapia de substituição de opiáceos em pelo menos uma prisão em 2017, enquanto 46 países relataram não ter essa opção de tratamento em suas prisões. Os programas de distribuição de seringas seguras são ainda menos frequentes. Apenas 11 países oferecem esta opção, que está ausente em 83 Estados.

A conclusão quanto a isso é de que “as intervenções de tratamento, com base em factos científicos e alinhadas com as obrigações internacionais de direitos humanos, não estão tão disponíveis ou acessíveis como precisam estar.”

Fotos/Ilustrações: 

ONU - Victoria Hazou