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Publicado em: 29/11/2019

Campanha incentiva diálogo sobre HIV entre jovens e profissionais de saúde

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Rafaela de Oliveira

Sob o lema “Fale comigo abertamente”, a campanha para o Dia Mundial contra a Aids deste ano busca mobilizar profissionais de saúde para que conversem abertamente com jovens sobre HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) sem preconceitos, sem estigma e sem discriminação. A iniciativa é promovida em conjunto pelos escritórios regionais para América Latina e Caribe de Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Rede Latino Americana de Jovens vivendo com HIV (J+LAC). O objetivo é contribuir para melhorar o acesso à prevenção combinada do HIV, principalmente entre populações-chave e pessoas mais vulneráveis ao vírus.

Com foco em sensibilizar profissionais de saúde, a ideia é que cada vez mais homens jovens gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) — que são desproporcionalmente afetados pelo HIV — busquem e obtenham informação e apoio de que necessitam para ter uma saúde sexual saudável. Também são ênfases deste ano empoderar e informar jovens, assim como combater o estigma e a discriminação que as populações mais vulneráveis ao HIV vivenciam nos serviços de saúde, considerados alguns dos principais obstáculos para o acesso os cuidados de saúde.

“Quanto mais os jovens se sentirem bem-vindos, maior a probabilidade de acessarem e manterem contato com os serviços de saúde para realizar exames ou buscar medidas que possam impedir que contraiam ou transmitam o HIV”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde na OPAS. Na América Latina, as novas infecções por HIV aumentaram 7% desde 2010, segundo dados mais recentes do UNAIDS. Estima-se que ocorreram 100 mil novas infecções por HIV somente em 2018; uma em cada cinco são jovens entre 15 e 24 anos. No Caribe, 27% das novas infecções ocorrem dentro desta faixa etária. 

Além disso, homens gays e outros homens que fazem sexo com homens são desproporcionalmente afetados pelo HIV, representando 40% das novas infecções na América Latina e 22% no Caribe. Em todo o mundo, esse grupo tem 22 vezes mais risco de infecção por HIV do que a população em geral. “Comunidades, grupos e redes de pessoas que vivem com HIV ou que são afetadas pelo vírus desempenham um papel fundamental na resposta à epidemia de AIDS em níveis local, nacional e internacional”, disse César Nuñez, diretor regional do UNAIDS para a América Latina e o Caribe.

“A construção de uma estratégia de comunicação como essa, projetada por e para jovens de populações-chave, é um passo importante para romper as barreiras impostas pelo estigma e pela discriminação contra eles. De fato, esses jovens estão nos ajudando a construir as pontes necessárias para ter acesso a serviços e cuidados combinados de prevenção ao HIV", completou. Treze jovens da América Latina vivendo ou convivendo com HIV participaram da criação da estratégia de comunicação que resultou nesta campanha. Também participaram do desenvolvimento de todos os materiais de comunicação, que incluem pôsteres, posts para mídias sociais, gifs animados e vídeos.

Fazem parte deste grupo jovens de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México, Peru e Venezuela. À campanha foi agregada também a participação de jovens do Suriname. Nos materiais, alguns deles aparecem fazendo perguntas a profissionais de saúde sobre profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP), infecções sexualmente transmissíveis, a indetectabilidade do vírus, além do papel do estigma e discriminação e da saúde mental na prevenção e nos cuidados para HIV.

Da mesma forma, em uma série de vídeos, cinco desses jovens que nasceram com HIV ou foram infectados em relações homoafetivas narram, em primeira pessoa, sua experiência de viver com vírus. Eles contam quais são as perguntas que os incomodam, como é sua relação com os serviços e profissionais de saúde e oferecem conselhos a outros jovens para desmistificar o que significa viver com HIV.

“Queremos que os médicos nos escutem mais, estejam mais próximos e nos expliquem”, afirmou o venezuelano Miguel Subero, representante da J+LAC no México.

“Ter um médico que me ouve, explica e me entende mudou muito meu relacionamento com os serviços de saúde”, acrescentou Horacio Barreda, representante da J+LAC na Argentina. “Os jovens devem saber que (mesmo com HIV) é possível ter uma vida normal, ter relacionamentos e que não se vai morrer por isso”, argumentou Aarón Zea, da J+LAC na Colômbia.

Fotos/Ilustrações: 

UNAIDS