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Publicado em: 01/09/2021

Covid longa pode persistir por mais de um ano, diz estudo

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DW.com

Pesquisa chinesa aponta que quase metade dos pacientes hospitalizados apresentam após 12 meses ao menos um sintoma persistente, geralmente fadiga ou fraqueza muscular. A covid longa afeta mais as mulheres do que homens.

                                                                 

Cerca de meta dos pacientes que contraíram a covid-19 continuam a apresentar ao menos um sintoma persistente – geralmente fadiga ou fraqueza muscular – um ano após a alta hospitalar, de acordo com um estudo chinês realizado num hospital em Wuhan e publicado nesta sexta-feira (27/08) na revista científica The Lancet. 

A pesquisa – a maior já feita sobre a chamada "covid longa" – acrescentou que um em cada três pacientes ainda apresenta falta de ar um ano após o diagnóstico. E essa relação é ainda maior em pacientes atingidos de forma mais grave pela doença.

"Sem tratamentos comprovados ou mesmo uma orientação de reabilitação, a covid longa afeta a capacidade das pessoas de retomar a vida normal e de trabalha", diz um trecho do editorial do The Lancet. "O estudo mostra que, para muito pacientes, a recuperação total da covid-19 levará mais de um ano."

Os pesquisadores chineses examinaram 1.276 pacientes entre janeiro e maio de 2020. Cada paciente foi avaliado duas vezes – seis e 12 meses após terem recebido alta do hospital Jin Yin-tan de Wuhan. A pesquisa concluiu que "a maioria dos sintomas havia desaparecido" em um ano.

No entanto, os pesquisadores alertaram que as pessoas recuperadas da covid-19 com uma idade média de 57 anos apresentavam um pior estado geral de saúde em comparação com indivíduos com idade, sexo e histórico médico semelhantes e que não tinham contraído a covid-19. 

A proporção de pacientes observados com pelo menos um sintoma diminuiu de 68% após seis meses para 49% após 12 meses. O desconforto respiratório aumentou de 26% dos pacientes após seis meses para 30% após um ano.

Covid longa afeta mais mulheres do que homens
O estudo apontou que as mulheres afetadas detêm uma probabilidade 43% maior do que os homens de sofrer de fadiga ou fraqueza muscular persistente e o dobro de propensão de serem diagnosticadas com ansiedade e depressão.

"Embora a maioria tenha se recuperado bem, os problemas de saúde persistiram em alguns pacientes, especialmente em aqueles que estiveram em estado críticos durante suas hospitalizações", disse Bin Cao, pesquisador do Centro Nacional de Medicina Respiratória da China. "Nosso estudo sugere que a recuperação de alguns pacientes levará mais de um ano, e isso deve ser levado em consideração no gerenciamento dos serviços de saúde pós-pandemia."

Maioria com desempenho normal no emprego
O estudo também analisou a situação de emprego de pacientes que tiveram covid-19. Dos 594 pacientes que não estavam aposentados antes de contrair o coronavírus e um ano após terem recebido alta hospitalar, 88% dos examinados estavam de volta ao trabalho original e 76% afirmaram voltaram a desempenhar no trabalho no mesmo nível de antes da infecção.

O estudo se soma a pesquisas anteriores que alertaram as autoridades de diferentes países para que estejam preparados para fornecer suporte de longo prazo aos profissionais de saúde e pacientes afetados pela covid-19.

"A covid longa é um desafio médico contemporâneo de primeira ordem", diz outro trecho do editorial do The Lancet, no qual pede por mais pesquisas para entender a condição dos pacientes e um melhor atendimento àqueles que estejam sofrendo com sintomas de longa duração da covid-19.