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Publicado em: 07/11/2014

Estudo sobre diagnóstico da hanseníase é um dos destaques da revista Memórias

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IOC

A edição de novembro da revista ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ apresenta, entre os destaques, uma pesquisa sobre o diagnóstico de casos de hanseníase em que os pacientes possuem uma única lesão na pele, com poucos bacilos presentes. Realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o estudo conclui que o uso de uma técnica para detectar o DNA do Mycobacterium leprae – chamada de qPCR – pode complementar a avaliação clínica e a análise histopatológica. Outro destaque da publicação é um artigo sobre a eficácia dos mosquiteiros impregnados com inseticida na prevenção da malária depois que ocorrem furos nas redes. Escrito por um cientista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o estudo faz uma revisão da literatura sobre o assunto e considera que os danos reduzem, mas não anulam o efeito da técnica.

O primeiro sequenciamento do genoma completo de uma bactéria Bordetella pertussis no Brasil – realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) – também é apresentado na revista. O micro-organismo é causador da coqueluche, que, atualmente, é a doença evitável por vacina mais frequente no mundo. Em outro artigo, a genética é o foco de uma pesquisa de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e de um instituto italiano. O trabalho investiga características genéticas de pacientes e identifica uma variante de um gene que pode estar relacionada com maior suscetibilidade à infecção pelo HPV. A edição de novembro da revista ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ já está disponível gratuitamente online. Clique aqui para acessar.

Pesquisa de DNA pode complementar diagnóstico da hanseníase
O diagnóstico precoce da hanseníase pode evitar sequelas irreversíveis para os pacientes. No entanto, ainda não existe um método padrão-ouro para a detecção dos casos de lesões únicas paucibacilares, quando os pacientes possuem apenas uma mancha na pele na qual há poucos bacilos Mycobacterium leprae. Um estudo de pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) aponta que uma técnica para detectar o DNA do bacilo – chamada de qPCR – pode complementar o diagnóstico nestas situações. Os cientistas analisaram os casos de 66 pacientes. Em oito deles, a avaliação clínica e a análise de patologistas não conseguiram identificar a doença, mas o qPCR detectou a presença do bacilo. Por outro lado, entre 57 pacientes com diagnóstico clínico, seis tiveram a infecção descartada pela análise dos patologistas somada ao qPCR. Os pesquisadores concluem que a pesquisa de DNA nos casos em que o exame histopatológico não identifica a hanseníase pode contribuir para o diagnóstico precoce da doença e evitar o tratamento de indivíduos não infectados, que podem sofrer com os efeitos adversos das medicações, além do estigma do agravo. Confira o estudo.

Mesmo danificados, mosquiteiros podem ajudar na prevenção da malária

Quando os mosquiteiros impregnados com inseticida – utilizados na prevenção da malária – estão furados, é maior a quantidade de insetos que consegue picar as pessoas. No entanto, os danos não tornam estes equipamentos completamente ineficientes. A conclusão é de um artigo do pesquisador Seth Irish, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). O estudo revisou 13 trabalhos científicos já publicados sobre o tema e apontou que os mosquiteiros aprovados para uso atualmente conseguem inibir 70% das picadas apesar da presença de furos. Além disso, mesmo danificados, os equipamentos aceleram a morte dos insetos, o que gera um benefício coletivo, ainda que a proteção individual esteja reduzida. De acordo com o estudo, alguns mosquiteiros mantêm o efeito inseticida por até sete anos, mas é provável que eles sejam descartados antes disso pelos usuários por estarem muito danificados. O autor recomenda a criação de uma matriz de fatores para determinar quando deve ser feita a substituição dos mosquiteiros e considera que isto pode ser feito em nível nacional para adequar a medida à realidade local. Leia o artigo.

Decifrado genoma de bactéria causadora da coqueluche
Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) sequenciaram, pela primeira vez no Brasil, o DNA de uma bactériaBordetella pertussis, causadora da coqueluche. O micro-organismo foi coletado de um paciente do Recife em 2013. A análise do genoma detectou a presença de um gene que pode estar ligado à resistência ao antibiótico eritromicina, o mais utilizado no tratamento da doença. Além disso, a caracterização genética do patógeno pode ajudar a compreender o aumento dos casos de coqueluche, observado a partir dos anos 1990. Apesar da imunização oferecida amplamente desde os anos 1950, esta é a doença evitável por vacina mais frequente no mundo atualmente. No começo deste ano, um estudo com cepas de diversos países – mas que não incluiu micro-organismos do Brasil – apontou a existência de duas linhagens genéticas de B. pertussis: uma anterior à vacinação e outra posterior, o que pode afetar a eficácia do imunizante. Acesse a pesquisa.

Associação entre variante de gene e infecção pelo HPV

A associação entre uma variante de um gene e a infecção pelo HPV (papilomavírus humano) foi detectada por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto para Saúde Materno Infantil Burlo Garofolo, da Itália. O estudo foi realizado com 356 mulheres do estado de Pernambuco. Analisando o DNA das pacientes, os pesquisadores detectaram variantes do gene DEFB1, que determina a produção de uma proteína chamada de beta defensina humana-1 (hDB-1, na sigla em inglês). Esta molécula é encontrada em células de defesa e atua contra diversos patógenos, incluindo vírus. As variantes genéticas determinam a produção de moléculas com pequenas diferenças, o que, segundo os cientistas, pode tornar a atuação destas proteínas mais ou menos eficiente contra determinados micro-organismos. No estudo, os pesquisadores encontraram uma variante do gene DEFB1 (chamada de c.*5G>A) com frequência significativamente maior entre as pacientes com HPV do que entre mulheres não infectadas. Segundo os autores, análises estatísticas indicam que esta variante está associada à maior susceptibilidade à infecção na população estudada. Além disso, a pesquisa reforça a hipótese de que as proteínas hDB-1 atuam nas defesas do organismo contra o HPV. Veja o estudo.