Hepatite: aumentar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento podería salvar milhões de vidas nas Américas
Na data do Dia Mundial contra a Hepatite, que é celebrado no dia 28 de Julho, a Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS) reconhece a maior ação global e regional no âmbito da luta contra as hepatites virais nos últimos anos e o grande potencial de novos remédios para curá-las. Entretanto, destaca a necessidade de torna-los mais acessíveis para os que necessitam.
A OMS reconheceu as hepatites virais como um problema de saúde pública mundial e estabeleceu em 2010 o Dia Mundial contra a hepatite para gerar consciência sobre esse grupo de infecções que causam enfermidades hepáticas agudas e crônicas, e matam cerca de 1,4 milhões de pessoas por ano ao redor do mundo, quase a mesma quantidade que o HIV. A campanha de 2014 aborda o tema Hepatite: pense-a de novo.
O desenvolvimento de novos remédios que proporcionam tratamentos curtos, seguros e eficazes para a hepatite C crônica foi um dos avanços mais importantes do ano passado no campo da resposta à hepatite C e ante a falta ao acesso à vacina. Esses medicamentos chegam a demonstrar taxas de cura superiores a 90%, o que revolucionaria a terapia da hepatite C. Entretanto existem grandes obstáculos, como o baixo número de diagnosticados e o alto custo dos medicamentos, entre outros.
Estimam-se que nas Américas, mais de 13 milhões de pessoas se encontram afetadas pela hepatite C
“Esta situação gera preocupação dado o alto risco de desenvolver infecções crônicas e complicações como a cirrose e o câncer hepático, que afetam a saúde e a qualidade de vida das pessoas”, declarou o chefe da unidade de HIV, Hepatite, Tuberculose e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OPS/OMS, Massimo Ghidinelli. “A detecção precoce e o acesso a terapias de preços acessíveis e de qualidade poderiam impedir que muitas dessas pessoas desenvolvam complicações”, concluiu.
Em Maio de 2014, os delegados de 194 governos presentes na Assembleia Mundial da Saúde adotaram uma resolução com o objetivo de melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais. A OPS/OMS está trabalhando para fortalecer a resposta da saúde pública nas Américas. Além disso, adaptará para a região, as novas diretrizes da OMS sobre o diagnóstico, atenção e tratamento das pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. Nesse momento, a OMS está elaborando novas diretrizes sobre a prevenção e o tratamento da hepatite B.
Alguns países da região já começaram a realizar ações para estender o diagnóstico e o tratamento. Nesse sentido, o Brasil está incorporando a realização de testes de diagnóstico rápido para ampliar o aceso ao tratamento e os Estados Unidos começaram a ampliar os testes de detecção da hepatite C entre as pessoas nascidas entre 1945 e 1965, e ainda entre as populações de maior risco.
A maioria das pessoas desconhecem que vivem com hepatite
“As hepatites virais seguem sendo uma epidemia silenciosa”, afirmou o assessor principal em HIV, doenças sexualmente transmissíveis e hepatite da OPS/OMS, Rafael Mazin. “A maioria das pessoas que tem hepatite B ou C desconhecem que vivem infectadas em função dos sintomas serem capazes de poderem levar muitos anos para se manifestar”, explicou.
A hepatite B se transmite por contato com o sangue e outros fluídos corporais de uma pessoa infectada. Desde 1982 existe uma vacina para prevenção. Na América Latina e no Caribe, todos os países introduziram oficialmente a vacina contra a hepatite B em seus programas de imunização infantil e apresentam taxas de coberturar superiores a 90% em média. Além disso, mas de 99% das unidades de sangue doadas na região são testadas para detecção do vírus das hepatites B e C.
Além das hepatites B e C, existem a A e a E, causadas geralmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados, e la D, que ocorre somente em pessoas infectadas com o vírus da hepatite B e se transmite pela exposição a sangue e outros fluídos corporais infecciosos.
Na ocasião do Dia Mundial da Saúde, a OPS/OMS realizará uma série de seminários virtuais nos dias 29 e 31 de Julho, de 11:00h a 12:00 (no horário de Washington, DC) para difundir informação e promover a criação de redes de resposta regional a essa epidemia silenciosa.