Ministério da Saúde do Brasil lança publicação com dados das principais doenças que atingiram o país nos últimos 16 anos
Desde 2012, quando passou a valer a Lei de Acesso a Informação, o Ministério da Saúde lança pela primeira vez o Boletim Epidemiológico que reúne análises das principais doenças que atingem o Brasil nos últimos anos. Respostas relacionadas à vigilância em saúde constam na edição especial da publicação, lançada na última quarta-feira (25 de setembro), em Brasília, pelo atual ministro da Saúde interino, João Gabbardo, e o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber. O informe tem como objetivo mostrar à população como a vigilância em Saúde está presente no dia a dia das pessoas, extrapolando temas como dengue e sarampo.
“O Ministério da Saúde vai retomar a divulgação semanal de uma única publicação, trazendo todas as doenças de interesse epidemiológico e de vigilância em saúde. Antes, os informes divulgavam informações, de forma individualizada, por doença. Esse formato facilita o acesso e a leitura pela população”, explicou Gabbardo. A partir do documento, o Ministério da Saúde passa a adotar um novo modelo de divulgação das doenças em saúde pública. Semanalmente, a partir de outubro, será divulgado um único boletim multitemático, com dados e análises de diferentes doenças, de acordo com seus respectivos cronogramas de atualizações. Esse novo modelo segue experiências mundiais.
“Estamos completando 16 anos da nova estrutura da vigilância em saúde no Brasil, que tem a informação como principal produto. A edição especial do boletim epidemiológico vem para marcar essa data e é uma fonte oficial e transparente de informação, que mostra a evolução histórica de 39 doenças e 16 agravos e eventos em saúde pública. Trata-se de uma divulgação proativa de informação de interesse público, e uma forma diferenciada de olhar para o passado para qualificar o futuro”, destacou o secretário Wanderson Kleber.
A edição especial reúne esforços da pasta, juntamente com estados, municípios e unidades de saúde de todo país, de 2013 a 2019. Com caráter técnico, porém com linguagem acessível, o documento conta com a participação de sanitaristas em diferentes momentos, e tem como público-alvo, profissionais de saúde, estudantes e a população em geral. Com esse documento em mãos, os gestores conseguem ter fácil acesso ao cenário de diferentes doenças em seus estados, possibilitando agir de forma mais eficiente na criação de políticas públicas.
Você sabia que a análise da qualidade da água para consumo humano é feita pela área de Saúde Ambiental, do Ministério da Saúde? Que a rubéola foi eliminada do Brasil em 2015 e que a vacina contra sarampo, a tríplice viral, também previne contra a rubéola? Saiba mais pelo Boletim Epidemiológico de 16 anos da SVS.
Sarampo
O sarampo é uma doença viral aguda similar a uma infecção do trato respiratório superior. É grave, principalmente em crianças menores de cinco anos, desnutridos e imunodeprimidos. A transmissão do vírus ocorre a partir de gotículas de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar próximo de pessoas sem imunidade contra o vírus sarampo. O Brasil registra 4.507 casos confirmados de sarampo em 19 estados, nos últimos 90 dias, o que representa um crescimento de 13% em relação ao último monitoramento. Os dados correspondem ao período de 30/06/2019 a 21/09/2019 (SE 27-38).
Ceará e Paraíba passaram a integrar a lista de transmissão ativa da doença e 97,5% dos registros estão concentrados em 168 municípios de São Paulo, principalmente na região metropolitana. O atual boletim apresenta, ainda, 21.711 casos em investigação e 5.818 que foram descartados. Os casos confirmados nesse relatório representam 84,3% do total no ano de 2019. A maioria dos registros está em São Paulo (4.374), seguido do Rio de Janeiro (22), Pernambuco (22), Minas Gerais (22), Santa Catarina (12), Paraná (13), Rio Grande do Sul (7), Ceará (5), Paraíba (5), Maranhão (4), Goiás (4), Rio Grande do Norte (4), Distrito Federal (3), Pará (3), Mato Grosso do Sul (2), Piauí (2), Espírito Santo (1), Bahia (1) e Sergipe (1).
Apesar da faixa de 20 a 29 anos apresentar o maior número de casos confirmados registrados, a incidência de casos em menores de 1 ano é 10 vezes maior em relação à população em geral. A cada 100 mil habitantes, 64 crianças nessa faixa etária obtiveram confirmação para o sarampo. Os segundos mais atingidos são aqueles com 1 a 4 anos. Neste ano, foram confirmados quatro óbitos por sarampo: três deles ocorreram em menores de 1 ano de idade; e um em um indivíduo de 42 anos. Nenhuma dessas pessoas era vacinada contra a doença. Não há novos registros de óbitos.
Estratégias
O Ministério da Saúde adquiriu 114% a mais do número de doses da vacina tríplice viral para 2019 e 2020 em relação a 2018, passando de 30,6 milhões para 60,2 milhões e 65,4 milhões de doses. Para isso, a pasta comprou recentemente 47,4 milhões de doses da vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, o que representa a maior distribuição feita pelo Brasil nos últimos dez anos. A medida visa garantir a vacinação de 39 milhões de brasileiros, 20% da população, na faixa etária de 1 a 49 anos, que hoje estão suscetíveis à doença porque não tomaram a vacina ou o quantitativo de doses necessárias. O Ministério também trabalha para controlar o surto no país, e eliminar, mais uma vez, o sarampo.
Do total previsto para este ano (60,2 milhões), já foram distribuídas 22,8 milhões e os outros 37 milhões serão até dezembro, para garantir a todos os estados, a vacinação de rotina, as ações de interrupção da transmissão do vírus, e a dose extra chamada de ‘dose zero’ a todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias. A maior parte das doses para 2019 serão destinadas à Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que ocorrerá de forma seletiva e em duas etapas: de 7 a 25 de outubro, para crianças de seis meses a menores de 5 anos. O dia D – dia de mobilização nacional - acontecerá em 19 de outubro; e a segunda etapa, de 18 a 30 de novembro, com foco na população de 20 a 29 anos. O dia D ocorrerá em 30 de novembro.