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Publicado en: 16/01/2020

Brasil corre risco de novos casos de Febre Amarela, principalmente nas regiões sul e sudeste

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Rafaela de Oliveira

O Ministério da Saúde do Brasil publicou, no último dia 15 de janeiro, um boletim epidemiológico que aponta para o aumento do risco de transmissão de febre amarela nos estados do Sul e do Sudeste. O alerta se deu em razão das 38 mortes de macacos, registradas de julho do ano passado até oito de janeiro de 2020, sobretudo no Paraná, onde 34 desses animais foram a óbito pela febre amarela. São Paulo (3) e Santa Catarina (1) também contabilizam casos. Com a chegada do verão, período de maior ocorrência de doenças transmitidas por mosquitos, o Organismo sinaliza a importância de se vacinar contra a doença. 

Com grande contingente populacional e baixa taxa de vacinação nas regiões, o público-alvo são pessoas a partir de nove meses de vida e 59 anos de idade. Neste ano, as crianças passam a ter um reforço aos quatro anos. O secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Julio Croda, destaca que todas as pessoas da faixa etária devem buscar os serviços de saúde para se vacinarem. “Não adianta vacinar um grupo e outro não, já que a febre amarela é uma doença transmitida por um mosquito infectado e ele pode picar qualquer pessoa”, afirmou.

Em relação aos casos em humanos, no mesmo período, 327 casos suspeitos de febre amarela foram notificados. Destes, 50 permanecem em investigação e um foi confirmado. A vítima, residente do estado do Pará, foi à óbito. Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre, ou seja, transmitida por mosquitos que vivem no campo e florestas. Os últimos casos de febre amarela urbana (transmitida pelo Aedes aegypti) foram registrados em 1942, no Acre.

O vírus da febre amarela se mantém naturalmente em um ciclo silvestre de transmissão, que envolve macacos e mosquitos silvestres. O Ministério da Saúde realiza a vigilância de epizootias desde 1999 com objetivo de verificar e antecipar a ocorrência da doença. Assim é possível fazer a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença, ou seja, a transmissão por mosquitos urbanos, por meio do controle de vetores nas cidades. 

O infectologista da Fundação Oswaldo Cruz, Rivaldo Venâncio, explica como a morte dos primatas, principais hospedeiros e vítimas da febre amarela, influencia na urgência da prevenção da doença. "Quando ocorre a morte de macacos por febre amarela, é um aviso para nós que o vírus está chegando. O macaco é uma sentinela, ele está protegendo a população humana e não o contrário. Não há transmissão de primata para ser humano, ou de ser humano para ser humano. Se não houvesse esses macacos, só iríamos ser avisados sobre a circulação do vírus quando pessoas ficassem doentes e morressem. Por isso a importância de estar vacinado. O Ministério da Saúde está alertando a população que procure se proteger. A vacina existe, está disponível, e o Brasil é referência mundial, fabricada na Fiocruz", alerta Venâncio.

Atenção ao calendário de vacinação 2020

Em 2019, mais de 16 milhões de doses da vacina contra a febre amarela foram distribuídas para todo o país. Apesar dessa disponibilidade, há uma baixa procura da população pela vacinação. Para 2020, a pasta adquiriu 71 milhões de doses da vacina, suficiente para atender o país por mais de três anos. Portanto, o Ministério da Saúde vai ampliar, gradativamente, a vacinação contra febre amarela para 1.101 municípios dos estados do Nordeste que ainda não faziam parte da área de recomendação de vacinação. Dessa forma, todo o país passa a contar com a vacina contra a febre amarela na rotina dos serviços.

Outra mudança no calendário foi que, aos quatro anos de idade, as crianças passaram a ter um reforço da vacina. A decisão ocorreu porque estudos científicos recentes demonstraram uma diminuição na resposta imunológica daquelas que são vacinadas muito cedo, aos 9 meses, como previa o Calendário Nacional de Vacinação da criança. Desde 2017, o Ministério da Saúde seguia as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ofertar apenas uma dose da vacina de febre amarela durante toda a vida.

Fotos/Ilustraciones: 

Erasmo Salomão / ASCOM MS