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Publicado em: 15/03/2021

Membros da RETS aprovam criação de Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde

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Julia Neves - EPSJV/Fiocruz

                             

Membros da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS), cuja Secretaria Executiva está sediada na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), se reuniram, remotamente, no dia 4 de março, para formalizar a criação da Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde (RIETS). Constituída como uma sub-rede da RETS, que completa 25 anos de existência em julho de 2021, a RIETS tem como missão o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde, com base no pressuposto de que a qualificação dos trabalhadores é uma dimensão fundamental para a implementação de políticas públicas que atendam às necessidades de saúde da população de cada país-membro. Além disso, a Rede se propõe a seguir os enfoques e valores já consagrados pela cooperação Ibero-Americana, trabalhando de forma horizontal, com respeito às prioridades nacionais e com base na solidariedade, no respeito mútuo e na confiança entre os seus membros.

O processo de criação da RIETS teve início em outubro de 2020, quando os membros da RETS foram consultados sobre a possibilidade de formação de uma sub-rede com membros dos países da comunidade ibero-americana, a ser integrada ao conjunto de redes da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib). Na época, a proposta recebeu o apoio necessário de 17 membros de 10 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai), o que permitiu à Secretaria Executiva da RETS, juntamente com o Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cris/Fiocruz), dar sequência ao processo, de acordo com as regras de registro de redes na Segib.

Além da implementação da sub-rede, os membros de oito países - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Peru, Portugal e Uruguai -, aprovaram durante a reunião também o regulamento e o plano de trabalho para os próximos dois anos. Por fim, ainda ficou definido que a Secretaria Executiva da nova sub-rede também ficará na Escola Politécnica. “Cabe ressaltar que nos tornarmos secretaria executiva dessa rede é mais um reconhecimento do trabalho efetivo e coletivo que a Escola Politécnica tem realizando nos últimos anos como Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde e como a secretaria executiva da RETS e da RETS-CPLP, que foi criada em 2009 englobando a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, ressaltou a diretora da Escola Politécnica, Anakeila Stauffer. Em 2020, a EPSJV completou 15 anos como secretaria executiva da RETS.

Coordenador de Cooperação Internacional da EPSJV, o professor-pesquisador Helifrancis Condé, destacou a relevância da Riets surgir três anos depois da suspensão das atividades da RETS-Unasul, uma sub-rede que correspondia à América do Sul e que foi desfeita em abril de 2018. “É importante a gente retomar uma sub-rede que amplie, em termos de Unasul, e que possa incluir as discussões específicas da América Latina nessa nova rede”, contou.

Para Anakeila, a criação da RIETS é um processo importante e demonstra a relevância dos técnicos em saúde no contexto mundial, sobretudo, de pandemia. Segundo ela, durante anos, esses trabalhadores foram invisibilizados. “Neste momento, mais do que nunca, deixamos claro para a população de diversos países que os técnicos estão na linha de frente do trabalho em saúde e que a educação deles é fundamental para um bom atendimento à população. Para piorar o cenário de pandemia, vivemos, mundialmente, um período em que as políticas econômicas estão sofrendo um impacto muito sério. E em países como os nossos, de economia periférica e subordinada, tais políticas têm incidido na retirada de direitos das classes trabalhadoras, causando ainda mais adoecimento”, destacou.

Dessa forma, Anakeila apontou que a criação dessa rede pode possibilitar o acesso a recursos da União Europeia para execução de ações no âmbito da rede, ampliar as ações de cooperação de instituições latino-americanas com instituições de Portugal e Espanha, assim como ampliar a participação em diferentes espaços, aumentando a visibilidade da RETS e de temáticas relacionadas aos técnicos em saúde.

No evento, o coordenador-geral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss, lembrou a importância dos profissionais técnicos e da RETS. Segundo ele, os técnicos em saúde são profissionais essenciais, não somente no contexto da pandemia da Covid-19, mas em todos os momentos em que se necessitam de cuidados médicos. "Neste contexto, a RETS é um sucesso internacional. Em termos globais, está reconhecida como uma das redes mais respeitadas e importantes para desenvolver redes de atenção e promoção de qualidade aos sistemas de saúde e também como forma de contribuir na compreensão do processo de saúde-doença em todas as dimensões”, ressaltou.

Paulo Buss completou dizendo que a criação da RIETS é uma aproximação da rede latino-americana com as instituições de educação de técnicos da península ibérica: “É paradoxal falar da criação da rede ao mesmo tempo em que, por exemplo, o Brasil, no próximo ano, comemora 200 anos de independência e o Peru, em 2024. Estamos em uma época de independências, mas, ao mesmo tempo, estamos produzindo união novamente. Mas agora, com soberania”.

“Estou certo de que essa rede terá longa vida. Estamos indo por bons caminhos e trabalhando em conjunto para melhorar a saúde das populações”, afirmou o representante da Segib, Julián Yamal Yunez, que também falou um pouco sobre a Segib, que apoia os 22 países que constituem a comunidade ibero-americana - 19 da América Latina de língua espanhola e portuguesa, além de Espanha, Portugal e Andorra, na Península Ibérica. Além disso, ele destacou a importância da criação de redes no cenário mundial. “A incorporação de redes relevantes como a RETS, que está criando essa sub-rede, creio que vá nos alavancar, nos engrandecer e ampliar o espaço nas discussões de saúde no âmbito sul-americano, com muito potencial para enfrentar as crises sanitárias que estão por vir e também políticas públicas que possam beneficiar o sistema sanitário da nação. Agradeço o esforço que estão fazendo”, disse.

Ações da RETS

Para Helifrancis, a criação da RIETS coroa o processo de uma nova fase da RETS. Segundo ele, desde a 4ª Reunião Geral da rede, realizada em 2018, os planos de trabalho estão caracterizados por um maior protagonismo dos países-membros na responsabilidade das ações. “A gente incorporou novos temas como acreditação de instituições formadoras de técnicos em saúde, a Educação Interprofissional em Saúde, com destaque para nossa participação em novembro na Rede de Educação Interprofissional das Américas (REIP), que, em um primeiro momento fomos como ouvintes e depois como expositores para falar de como a RETS tem contribuído para incorporar o tema da educação interprofissional e a formação dos técnicos em saúde ao trabalho”, contou.

Helifrancis destacou que, além dessas, há um conjunto de ações que estão sendo desenvolvidas. Além de organizar, a RETS tem participado como convidada de diversos eventos, fazendo reuniões de trabalho com diferentes grupos e membros e mantendo diálogo com outras redes, como a Rede Nacional de Pesquisa (RNP). “A RETS também organizou, junto com o Ministério da Saúde da Colômbia, com o Servicio Nacional de Aprendizaje (SENA), com a Organização Panamericana da Saúde (Opas) e outras instituições, o 1º Colóquio Latino-Americano de Educação Interprofissional e Formação dos Técnicos em Saúde, remotamente, em agosto de 2020”, lembrou.

Essa nova fase da RETS, de acordo com Helifrancis, também está marcada pelo fortalecimento das tecnologias de informação e comunicação que estavam previstas já nos planos de trabalho vigentes, mas que tiveram o processo acelerado e intensificado em função da pandemia da Covid-19. “Realizamos as primeiras reuniões virtuais, tanto da RETS com os membros da América Latina, quanto da RETS com a CPLP em 2020. Passados os dois primeiros anos do plano de trabalho vigente, temos conseguido avançar bastante e ter um bom cumprimento das ações previstas”, ressaltou.

No período de 2019, quando foi iniciado o Plano de Trabalho atual da RETS, até início de 2021, o coordenador da Cooperação Internacional da EPSJV destaca o protagonismo dos membros dos países na formulação, planejamento e execução das atividades. Segundo ele, os próprios membros têm dialogado entre si, sem passar pela secretaria executiva. “Esse é o objetivo, que a rede possa estar em movimento, se articulando”, completa.

Um exemplo de articulação foi realização de uma reunião com o Ministério da Educação do Chile. “Muitas vezes, quem responde pela formação é o Ministério da Educação dos países e termos a participação deles faz com que tenham consciência de que a rede é importante. Vamos tentar fazer esse movimento com outros países”, adiantou Helifrancis, completando que, além disso, a RETS mantém contato com os novos diretores das instituições de ensino e sempre que há mudanças procura ajudá-los com os pontos focais de cada instituição.

Helifrancis destacou ainda o trabalho da equipe de comunicação da secretaria executiva nesse período de dois anos, que tem publicado edições do informe para os membros da rede. “Nos informes, falamos das ações, de como está o andamento do plano de trabalho, das reuniões, além de notícias dos membros. A gente está muito satisfeito com o resultado que temos conseguido”, ressaltou. E finalizou falando dos planos para 2021: “Temos traduzido e publicado materiais importantes. Vamos continuar com as múltiplas ações. E vamos realizar nosso 10º seminário virtual da RETS, previsto ainda para o primeiro semestre”.

Acesse aqui os documentos: