A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apresentou recentemente uma série de recomendações nos eventos do G20 no Brasil para fortalecer a equidade no acesso à saúde digital, expandir a inovação e a produção de tecnologias em saúde, abordar a resistência antimicrobiana, aumentar o investimento em saúde e garantir maior retenção do pessoal de saúde nos países e territórios das Américas.

Saúde digital

Na primeira reunião temática, realizada em 7 de abril, a OPAS defendeu a expansão do acesso equitativo à saúde digital, incluindo o intercâmbio de conhecimentos, recursos e ferramentas. Na reunião do dia seguinte, 8 de abril, a Organização enfatizou a necessidade de fortalecer as políticas públicas e os marcos regulatórios sobre o uso da telemedicina, participar na cocriação de bens públicos digitais e implementar programas de alfabetização digital para profissionais de saúde. entre outros.

Marcelo D'Agostino, Chefe da Unidade de Sistemas de Informação e Saúde Digital da Opas, elogiou o Brasil por sua solidariedade no compartilhamento de conhecimentos, recursos e ferramentas digitais em saúde. “A única maneira de alcançar o sucesso é trabalhar juntos como uma rede”, disse ele. “Todo país tem algo para compartilhar e aprender”, disse ele.

Destacou as discussões que manteve com países e territórios das Américas para identificar temas prioritários para o trabalho conjunto com a Opas na expansão da telemedicina, como ferramenta para alcançar todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás. “É fundamental – e o Brasil é exemplo disso com seu emblemático projeto na Amazônia – compreender os contextos socioculturais ao focar na aplicação de qualquer tipo de solução digital”, frisou.

A Opas também chamou a atenção para os desafios únicos enfrentados pelos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), onde o foco na transformação digital na saúde pública deve ser adaptado para enfrentar recursos limitados, vulnerabilidade a desastres naturais e isolamento geográfico.

Financiamento da saúde
Em outro evento no dia 8 de abril, focado em investimentos em saúde digital, o Diretor de Sistemas e Serviços de Saúde da Opas, James Fitzgerald, destacou a Aliança para Atenção Primária à Saúde nas Américas (AxAPS), que a Organização assinou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial em dezembro do ano passado. “Esta Aliança promoverá, aumentará e melhorará a qualidade dos investimentos na atenção primária à saúde nas Américas, incluindo a saúde digital”, disse Fitzgerald.

A questão do mecanismo de dívida por saúde foi abordada numa sessão no dia seguinte. O elevado nível de dívida é um dos factores que pode impedir os países de investir adequadamente na saúde e limitar as possibilidades de acção. “A Opas continuará a trabalhar com os Ministérios da Saúde e das Finanças dos países e com as instituições financeiras internacionais para melhorar a disponibilidade e a qualidade do financiamento da saúde nas Américas”, disse Fitzgerald.

Resistência antimicrobiana

Numa outra sessão do G20 sobre resistência antimicrobiana (RAM), a Opas destacou iniciativas importantes para aumentar a colaboração regional na identificação de lacunas e na coordenação de esforços para abordar de forma mais eficaz a RAM.

Os desafios e oportunidades exclusivos da América Latina e das Caraíbas, incluindo diferentes climas, condições socioeconómicas e sistemas de saúde, bem como as capacidades industriais e regulamentares existentes, oferecem um contexto rico para a compreensão das complexidades da RAM e das necessidades de adaptação das intervenções às especificidades. situações de cada lugar.

Inovação e produção

No dia 10 de abril, a Organização Pan-Americana da Saúde apoiou a proposta do Brasil de criar uma aliança para inovação e produção local e regional de tecnologias em saúde, liderada pelo G20.

“A Aliança proposta pela presidência brasileira do G20 poderia promover ambientes políticos e jurídicos favoráveis ​​e ecossistemas abrangentes para acesso, inovação e produção equitativos, a fim de garantir o retorno público desses investimentos”, disse Judit Rius Sanjuan, Diretora de Inovação, Acesso a Medicamentos e Tecnologias em Saúde da Opas.

Ele também reiterou o compromisso da Organização de continuar fortalecendo a produção, a inovação e o acesso equitativo e sustentável às tecnologias de saúde, inclusive por meio dos Fundos Rotativos Regionais da Opas para a aquisição conjunta de vacinas, medicamentos e outros suprimentos de saúde.

Força de Trabalho

No último dia da reunião, realizada quinta-feira (11/04), a Opas apresentou a Política de Força de Trabalho em Saúde para 2030, bem como recomendações para garantir maior equidade na distribuição dos profissionais de saúde nas Américas.

Um dos principais desafios na região é a migração de profissionais de saúde para países e territórios de rendimento mais elevado devido a salários mais elevados e melhores condições de trabalho. “Os países das Caraíbas precisam de atenção especial, uma vez que a disponibilidade de serviços foi afectada como resultado do recrutamento activo de profissionais de enfermagem especializados fora do país”, disse James Fitzgerald, Director de Sistemas e Serviços de Saúde da Opas.

Para o Diretor de Sistemas e Serviços de Saúde da Opas, os países de renda mais alta e mais baixa devem trabalhar juntos para resolver esta questão, inclusive investindo em planos de carreira, prática interprofissional e alfabetização digital.

“O Campus Virtual da Opas, por exemplo, fortaleceu as capacidades de saúde pública por mais de 20 anos. Hoje, mais de 3,2 milhões de profissionais de saúde participam do campus”, disse Fitzgerald, acrescentando que esta iniciativa também é uma das estratégias para aproveitar da saúde digital nas Américas.

G20

O Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação económica internacional composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália , Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e duas organizações regionais: a União Africana e a União Europeia. A presidência do G20 é atualmente ocupada pelo governo brasileiro.