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Publicado em: 21/01/2016

Profissionais de saúde muitas vezes sofrem ataques, diz pesquisa publicada na Revista de Saúde Pública da Opas

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Opas/OMS

Os profissionais de saúde muitas vezes enfrentam situações de violência física ou verbal durante o exercício das suas funções, que têm consequências no trabalho e na saúde, revelou pesquisa publicada na Revista Pan-americana de Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Os resultados são baseados em uma pesquisa eletrônica, anônima e confidencial, feita com cerca de 20 mil profissionais de saúde de países latino-americanos de língua espanhola, especialmente Argentina, México e Equador, através do site Intramed. O objetivo do estudo foi fornecer informações para a elaboração de possíveis estratégias para prevenir e lidar com este problema.

De acordo com os pesquisadores, "as agressões ao pessoal de saúde são um problema comum que gera resultados emocionais e causam uma percepção de insegurança no trabalho dos profissionais de saúde." Além disso, dizem os autores, "o problema adquire dimensões graves não só porque expõe milhares de pessoas a serem vítimas de ataques, mas também porque viola os direitos fundamentais da segurança no local de trabalho, além das suas consequências, que afetam a qualidade do serviço e isso prejudica a saúde pública de toda a população."

Os resultados mostram que 66,7% dos entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de agressão no local de trabalho no ano passado. Os dados mostram um aumento comparado ao levantamento anterior Intramed 2006, em que a porcentagem de profissionais agredidos foi de 54,6%.

11,3% dos profissionais receberam uma agressão física, o que obrigou muitos a suspenderem os seus trabalhos em quase 30% dos casos. Quase três quartos destes ataques ocorreram em instituições públicas, principalmente na área de emergência e os motivos mais comuns foram a demora no atendimento (44,2%), falta de recursos para o cuidado (33,6%), as circunstâncias para fornecer um relatório médico (28,2%) e comunicação de óbitos (8,6%).

"A demora no atendimento é um problema sério, particularmente nos setores de emergência, e reflete os problemas de organização e disponibilidade de pessoal qualificado necessário. A falta de recursos também expressa de forma dramática a fragilidade do sistema de saúde," explicam os pesquisadores.

Os autores afirmam que, na maioria dos casos de agressão, o agressor estava em posse de suas faculdades mentais e apenas uma porcentagem menor agiu sob a influência de efeitos tóxicos ou apresentava alterações psiquiátricas.

De acordo com o estudo, entre as profissões analisadas, médicos e enfermeiros foram aqueles que sofreram mais ataques, que ocorreram mais frequentemente em profissionais mais jovens, de 25 a 34 anos e 35-44 anos. Isto poderia ser atribuído à maior exposição por trabalhar no setor de emergência, como a falta de ferramentas para se comunicar com os pacientes e familiares, entre outras causas.

46,6% dos entrevistados relataram que se sentem inseguros em seu local de trabalho, mesmo que a instituição conte com os profissionais de seguranças, e sugeriram diversas medidas para reduzir as agressões, incluindo a educação da comunidade.

Os pesquisadores disseram que os resultados do estudo mostram que são necessários esforços para melhorar a formação dos profissionais em comunicar a informação médica e, principalmente, em como entregar más notícias. Também são necessárias medidas específicas para proteger os trabalhadores de saúde nos setores de emergência e atendimento ambulatorial, onde ocorre a maioria das agressões.

Os autores também sugerem que, em cenários de risco, o cuidado deve ser fornecido por grupos de dois ou mais trabalhadores, e que a melhoria das condições em que os cuidados são prestados deve ser uma prioridade.