Agência da ONU vai ajudar o Brasil a implementar técnica nuclear para combater o Aedes
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta terça-feira (23) que vai ajudar o Brasil na luta contra o vírus zika. O organismo facilitará a transferência para o país de um irradiador gama, equipamento capaz de tornar estéreis os espécimes machos do Aedes aegypti criados em cativeiro. Após o tratamento com radiação, os animais são liberados no ambiente, mas não conseguem se reproduzir, dificultando a proliferação do mosquito transmissor da zika, dengue e chikungunya.
Esse método de combate aos insetos, chamado Técnica do Inseto Estéril (SIT), já é utilizado há mais de 50 anos para eliminar pestes na agropecuária. A agência das Nações Unidas tem coordenado esforços globais para implementar a estratégia também no combate a mosquitos como o Aedes aegypti. O irradiador gama que o Brasil vai receber será transferido para o Moscamed, um centro de pesquisa sem fins lucrativos localizado em Juazeiro, na Bahia.
“O irradiador permitiria ao nosso centro produzir até 12 milhões de machos estéreis do Aedes aegypti por semana, alcançando até 750 mil pessoas em 15 municípios, nos estados brasileiros da Bahia e de Pernambuco, que foram atingidos de forma particularmente dura pelo zika”, afirmou o diretor do Moscamed, Jair Virginio, durante um encontro de especialistas de 12 países, realizado em Brasília e organizado pela AIEA e pelo Ministério da Saúde brasileiro.
O evento, durante o qual a agência da ONU anunciou a transferência da maquinaria para o Brasil, faz parte de uma resposta mais ampla da AIEA aos surtos de zika verificados nas Américas do Sul e Central. No início de fevereiro, o organismo internacional acordou a doação de equipamentos especiais para ajudar países caribenhos e latino-americanos a identificar o vírus.
Para o presidente da Associação Europeia de Controle de Mosquitos, Jan O. Lundstrom, a técnica de esterilização é promissora. Embora inseticidas e larvicidas tenham sido eficazes no passado, “a fumigação sozinha não pode alcançar as larvas do mosquito que se escondem em pequenos contêineres de água, ocultos e em ambientes internos”, disse.
Os pesquisadores que se reuniram em Brasília concordaram que a SIT é eficiente, segura, sustentável e ambientalmente neutra.