Você está aqui

Publicado em: 06/02/2019

Estigma e discriminação são obstáculos para acesso ao diagnóstico precoce e tratamento da hanseníase nas Américas

imprimirimprimir 
  • Facebook

Embora os casos de hanseníase tenham diminuído na região das Américas em 30% nos últimos 20 anos, a discriminação, o estigma e o preconceito em torno da doença continuam dificultando os esforços para deter sua transmissão. No Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase deste ano, celebrado em 27 de janeiro, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) instou os países a aumentarem os esforços para combater o estigma e a discriminação, com o objetivo de pôr fim a essa doença que pode ser facilmente curável.

“Ao longo da história, as pessoas afetadas pela hanseníase continuaram sofrendo com o estigma e a discriminação”, disse Marcos Espinal, diretor de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da Opas. “Isso não apenas levou essas pessoas a não terem acesso à atenção, educação e até mesmo liberdade de ir e vir, mas essa discriminação contínua significa que muitos ainda relutam em buscar tratamento médico até que os sintomas alterem sua vida de forma definitiva”.

Atualmente, mais de 200 mil novos casos de hanseníase são detectados em todo o mundo a cada ano, dos quais 80% ocorrem em três países – Brasil, Índia e Indonésia. A doença foi eliminada como problema de saúde pública em 23 países das Américas, ou seja, há menos de um caso de hanseníase por cada 10 mil habitantes registrados para tratamento no país. Em 2017, 29.101 novos casos de hanseníase foram registrados na região, mais de 93% deles no Brasil.

“Os países já fizeram avanços significativos na luta contra a hanseníase, mas agora precisamos concentrar esforços para manter esse progresso e eliminar a transmissão. O Dia Mundial deste ano é um lembrete oportuno de que as atitudes são o último obstáculo a ser superado”, acrescentou Espinal. 

A Estratégia Global para Hanseníase descreve três pilares gerais para garantir um mundo sem a doença, com zero transmissão, zero incapacidades e zero estigmas relacionados à doença. Esses pontos se concentram em fortalecer a apropriação, coordenação e parcerias dos governos; em deter a hanseníase e suas complicações; e em acabar com a discriminação e promover a inclusão.

Essa Estratégia também exige uma série de medidas para combater a discriminação vivida pelas pessoas afetadas pela hanseníase, entre elas: assegurar que as pessoas com a doença, assim como suas comunidades, sejam empoderadas a participar ativamente dos serviços de atenção; que aqueles que possuem a doença tenham melhor acesso aos serviços de apoio social e financeiro; que seja promovida a reabilitação baseada na comunidade para pessoas com incapacidades relacionadas à hanseníase; e que leis discriminatórias sejam abolidas e políticas implementadas para facilitar a inclusão de pessoas afetadas.

A hanseníase é uma condição crônica e transmissível causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente, levando a sintomas que podem demorar até 20 anos para aparecer. Ela afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões cutâneas características. Sem tratamento, pode causar danos aos nervos, demonstrados por fraqueza nas mãos e pés e pela presença de deformidade visível. Embora a doença seja completamente curável com uma terapia múltipla de medicamentos (MDT), que é gratuita, a demora em iniciar o tratamento pode levar à incapacidade permanente.

O Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase é marcado todos os anos no último domingo de janeiro. O objetivo do dia é aumentar a conscientização sobre a doença e reduzir o estigma contra aqueles que sofrem com ela.

Confira o vídeo com a mensagem de Paula Brandão, ativista do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), sobre esse tema.

Fotos/Ilustrações: 

Opas