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Publicado em: 17/09/2018

Mortes por câncer devem atingir número recorde de 9,6 milhões este ano

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Em todo o mundo, 18,1 milhões de pessoas devem ter câncer este ano e 9,6 milhões acabarão por morrer. A projeção é do estudo Globocan 2018, publicado esta quarta-feira pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc). Um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres em todo o mundo terão a doença ao longo da sua vida. Um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres acabarão por morrer, prevê o estudo.

Prevenção

O diretor do Iarc, Christopher Wild, disse que “esses novos números mostram que ainda há muito a ser feito e que a prevenção tem um papel fundamental a desempenhar. Segundo ele, “políticas eficientes de prevenção e detecção precoce devem ser implementadas urgentemente para complementar os tratamentos, a fim de controlar esta doença arrasadora". 

Resultados

O aumento dos casos deve-se a vários fatores, incluindo crescimento e envelhecimento populacional e prevalência de certas causas ligadas ao desenvolvimento social e econômico. Para muitos tipos, as taxas de incidência em países com Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, alto ou muito alto são geralmente duas a três vezes maiores do que em países com desenvolvimento baixo ou médio. Apesar disso, as diferenças nas taxas de mortalidade são menores, porque os países menos avançados têm menos acesso a diagnósticos e ao tratamento.

A pesquisa também revela uma baixa das taxas de incidência de alguns tipos de câncer, que pode ser explicada com os esforços de prevenção. Essa queda aconteceu, por exemplo, com o câncer do pulmão, em homens do Norte da Europa e América do Norte, e com o câncer do colo do útero na maioria das regiões da África Subsaariana.

Regiões

Perto de metade dos novos casos e mais da metade das mortes em todo o mundo acontecem na Ásia, em parte porque a região tem quase 60% da população mundial.

A Europa tem 23,4% dos casos e 20,3% das mortes, embora tenha apenas 9% da população mundial. As Américas têm 13,3% da população global e representam 21,0% de incidência e 14,4% da mortalidade.

Por outro lado, as proporções de mortes na Ásia e na África são maiores devido a pior prognóstico e maiores taxas de mortalidade, além de acesso limitado a diagnóstico e tratamento.

Principais tipos

Os cânceres de pulmão, mama e colorretal são os três tipos mais comuns e estão entre os cinco que matam mais pessoas. O câncer no pulmão é o que mais mata, sendo o do colón o segundo e o da mama o quinto. Juntos, são responsáveis por um terço de todos os casos e de todas as mortes.

O câncer de pulmão é responsável pelo maior número de óbitos, com 1,8 milhão de mortes. A seguir está o câncer do cólon com 881 mil mortes, do estômago com 783 mil, e do fígado com 782 mil.

Apesar dos números de incidência, o câncer de mama é a quinta maior causa de morte, estimando-se que leve a vida de 627 mil mulheres este ano, porque o prognóstico é relativamente favorável, pelo menos nos países mais desenvolvidos.

Gênero

Quanto às diferenças entre gêneros, o câncer de pulmão é o tipo mais comum entre homens e o que mais mata, seguido pelo câncer de próstata, colorretal e do fígado.Nas mulheres, o câncer de mama é o mais frequente e o mais diagnosticado.

Este tipo também é o que mata mais mulheres, cerca de 15% de todas as mortes, seguido do pulmão e colorretal. O câncer do colo do útero ocupa o quarto lugar tanto na incidência, 6,6%, quanto na mortalidade, 7,5%.

Uma das preocupações indicadas no relatório é o aumento da taxa de incidência de câncer de pulmão nas mulheres, que já é a principal causa de morte em 28 países.

O chefe da secção de Vigilância do Câncer da Iarc,  Freddie Bray, disse que “os resultados destacam a necessidade de continuar a implementar políticas direcionadas e eficazes de controle do tabaco em todos os países do mundo".

O que é o GLOBOCAN?

O GLOBOCAN 2018 é um banco de dados on-line que fornece estimativas de incidência e mortalidade em 185 países para 36 tipos de câncer e para todos os locais de câncer combinados. Os dados fazem parte do Global Cancer Observatory da Iarc e estão disponíveis on-line no 'Cancer Today' com interface amigáveis ​​para produzir mapas e explorar visualizações.

Uma análise desses resultados, publicada em 12 de setembro na CA: A Cancer Journal for Clinicians, destaca a grande diversidade geográfica na ocorrência de câncer e as variações na magnitude e no perfil da doença entre e dentro das regiões do mundo.

Essas estimativas são baseadas nos dados mais recentes disponíveis no Iarc e em informações disponíveis publicamente on-line. O GLOBOCAN 2018 foi desenvolvido usando vários métodos que dependem da disponibilidade e precisão dos dados. As fontes nacionais são utilizadas sempre que possível e, na sua ausência, são utilizados dados locais e modelização estatística. O Iarc coordena a Iniciativa Global para o Desenvolvimento do Registro do Câncer, uma parceria internacional que apóia a melhor estimativa, bem como a coleta e uso de dados locais, para priorizar e avaliar os esforços nacionais de controle do câncer.

Fotos/Ilustrações: 

Instituto Nacional do Câncer/Bill Branson