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Publicado em: 29/07/2019

OMS pede investimento aos países para eliminar as hepatites virais

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Rafaela de Oliveira

A Organização Mundial de Saúde insta os países a aproveitarem as reduções nos custos de diagnóstico e tratamento das hepatites virais e aumentarem os investimentos para a eliminação dessa doença. Um novo estudo da OMS, publicado na última sexta-feira (26 de julho) na Lancet Global Health, mostra que US$ 6 bilhões por ano em 67 países de baixa e média renda evitaria 4,5 milhões de mortes prematuras até 2030 – e mais de 26 milhões além dessa data. Pouco mais de US$ 58 bilhões é necessário para que as hepatites virais não sejam mais ameaça à saúde pública nesses países nos próximos 11 anos. Isso significa reduzir o número de novas infecções em 90% e óbitos em 65%.

"Hoje, 80% das pessoas que vivem com hepatites não conseguem acessar os serviços dos quais necessitam para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. No âmbito do dia mundial contra as hepatites, celebrado em 28 de julho, Tedros fala sobre o desejo da Organização: “nesta data, pedimos uma liderança política arrojada, com investimentos correspondentes. Solicitamos a todos os países que integrem serviços para hepatites em pacotes de benefícios como parte de sua jornada rumo à cobertura universal de saúde.”

Ao investir em testes diagnósticos e medicamentos para o tratamento das hepatites B e C neste momento, os países podem salvar vidas e reduzir custos relacionados ao tratamento prolongado da cirrose e do câncer de fígado que resultam das hepatites não tratadas. Alguns países já estão em ação. O governo da Índia, por exemplo, anunciou que oferecerá testes diagnósticos gratuitos e tratamento para as hepatites B e C como parte de seu plano de cobertura universal de saúde. Isso foi facilitado por meio da redução dos preços de medicamentos. No país, a cura da hepatite C custa menos de US$ 40 e um ano de tratamento da hepatite B custa menos de US$ 30. A esses preços, a cura dessa doença resultará em uma economia de custos em saúde dentro de três anos.

O governo do Paquistão também conseguiu oferecer tratamento curativo para a hepatite C a preços igualmente baixos. O fornecimento desse tratamento a todas as pessoas atualmente diagnosticadas com hepatite C também pode reduzir os custos internos de saúde dentro de três anos. Enquanto isso, o país enfrenta uma das mais altas taxas anuais de infecção pelo vírus da hepatite C e está lançando um novo plano de controle de infecção e segurança na aplicação de injeções para interromper a transmissão.

 

Pessoas não têm acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento

Para a maioria dos 325 milhões de infectados pela hepatite B e C, o acesso ao diagnóstico e ao tratamento permanece fora do alcance. Das 257 milhões de pessoas que vivem com hepatite B:

  • 10,5% (27 milhões) conheciam seu status de infecção em 2016;Das pessoas diagnosticadas, apenas 17% (4,5 milhões) receberam tratamento em 2016;
  • No mesmo ano, 1,1 milhão de pessoas desenvolveram uma infecção crônica por hepatite B – uma das principais causas de câncer de fígado.

Das 71 milhões de pessoas que vivem com infecção crônica por hepatite C:

  • 19% (13,1 milhões) conheciam seu status de infecção em 2017;
  • Das pessoas diagnosticadas, 15% (2 milhões) receberam tratamento curativo no mesmo ano. No geral, entre 2014 e 2017, 5 milhões de pessoas receberam tratamento curativo para a doença.
  • Em 2017, 1,75 milhão de pessoas desenvolveram uma infecção crônica por hepatite C.

Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais

No Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais de 2019, a OMS conclama todos os países a investirem na eliminação das hepatites por meio de um maior orçamento e financiamento de serviços de eliminação dentro de seus planos de saúde universal. Embora tenha havido amplo apoio entre os Estados Membros na adoção da estratégia de eliminação das hepatites, com 124 de 194 países desenvolvendo ações, mais de 40% dos planos de países carecem de linhas orçamentárias dedicadas a apoiar os esforços de eliminação.

Existem cinco tipos dessas infecções – A, B, C, D e E. Mais de 95% das mortes são causadas pelas infecções crônicas por hepatite B e C, enquanto as hepatites A e E raramente causam doenças fatais. A hepatite D é uma infecção adicional que ocorre em pessoas que vivem com hepatite B.

SDG Health Price Tag

Em 2017, o estudo SDG Health Price Tag estimou os investimentos necessários para alcançar as 16 metas relacionadas à saúde dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 67 países de baixa e média renda (que representam 75% da população mundial). Este estudo não incluiu os custos para hepatites. Já a nova pesquisa, publicada este mês, se baseia nos mesmos cenários e modelos para estimar os gastos para atingir metas globais de eliminação da doença. A Organização também lançou duas calculadoras virtuais, projetadas para apoiar tomadores de decisão na avaliação da custo-efetividade de seus programas de tratamento de hepatites virais.

Fotos/Ilustrações: 

WHO