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Publicado em: 02/07/2019

OMS destaca escassez de tratamento para epilepsia em países de baixa renda

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Rafaela de Oliveira

Tratamento de US$ 5 pode evitar crises durante um ano; risco de morte prematura entre estes pacientes é até três vezes maior do que na população geral; Moçambique faz parte de programa da OMS que permitiu aumentar acesso a tratamento para 6,5 milhões de pessoas em quatro países. Três quartos das pessoas que vivem com epilepsia em países de baixa renda não recebem o tratamento de que precisam, aumentando o risco de morrer de forma prematura e condenando muitos a uma vida de estigma. A conclusão é do estudo "Epilepsia, um imperativo de saúde pública", publicado no mês de junho pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e parceiros da sociedade civil.

Saúde

Em nota, o especialista da OMS, Tarun Dua, disse que “a lacuna de tratamento para a epilepsia é inaceitavelmente alta, quando se sabe que 70% das pessoas com a doença podem ficar livres de crises quando têm acesso a medicamentos que podem custar apenas US$ 5 por ano.” Além disso, o risco de morte prematura em pessoas com epilepsia é até três vezes maior do que na população geral. Em países de renda baixa e média, este risco é significativamente maior do que em países de alta renda. As causas são falta de acesso aos serviços de saúde e causas que podem ser evitadas, como afogamento, ferimentos na cabeça e queimaduras. 

Quase metade dos adultos com epilepsia tem pelo menos mais um problema de saúde. As condições mais comuns são de saúde mental, com 23% destes adultos vivendo com depressão e 20% tendo ansiedade. Segundo a OMS, estas questões podem piorar as convulsões e reduzir a qualidade de vida. Além destes problemas, entre 30% e 40% das crianças com epilepsia têm dificuldades de desenvolvimento e aprendizagem.

Estigma

Segundo o relatório, o estigma também é generalizado. O presidente do Escritório Internacional para a Epilepsia, Martin Brodie, disse que o problema "é um dos principais fatores que impedem as pessoas de procurar tratamento." Segundo Brodie, “muitas crianças não vão à escola e os adultos têm direitos negados como trabalhar, dirigir e até casar.” Ele afirmou que “essas violações dos direitos humanos precisam ter um fim.” A OMS diz que campanhas de informação pública nas escolas e locais de trabalho e a introdução de legislação também são elementos importantes da resposta da saúde pública.

Tratamento

O relatório também mostra que, quando existe vontade política, o diagnóstico e o tratamento da epilepsia podem ser integrados com sucesso nos serviços primários de saúde. A pesquisa destaca programas-piloto da OMS que foram introduzidos em Gana, Moçambique, Mianmar e Vietnã. Segundo a agência, a iniciativa permitiu que mais de 6,5 milhões de pessoas tenham acesso ao tratamento para epilepsia, caso precisem. O presidente da Liga Internacional Contra a Epilepsia, Samuel Wiebe, disse que o mundo sabe “como reduzir a lacuna de tratamento”, mas “a ação para introduzir as medidas necessárias precisa ser acelerada.”

Prevenção

A epilepsia pode ser causada por lesões durante o nascimento, infecções do cérebro, como meningite ou encefalite, e acidentes vasculares cerebrais. Segundo a OMS, cerca de 25% dos casos possam ser prevenidos.

Fotos/Ilustrações: 

UNICEF

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