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Publicado em: 05/04/2019

Segundo a OMS, acesso desigual aos serviços de saúde gera disparidades na expectativa de vida

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As mulheres vivem mais do que os homens, principalmente em países ricos. O relatório anual World Health Statistics 2019 – desagregado por sexo pela primeira vez – lançado no último dia 4 explica por quê. “Por trás de cada número nessas estatísticas mundiais de saúde está uma pessoa, uma família, uma comunidade ou uma nação. Nossa tarefa é usar esses dados para tomar decisões políticas baseadas em evidências, que nos aproximem de um mundo mais saudável, seguro e justo para todos”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Dividir os dados por idade, sexo e grupo de renda é vital para entender quem está sendo deixado para trás e por quê”, acrescentou.

A diferença entre a expectativa de vida de homens e mulheres é menor nos locais onde as mulheres não têm acesso aos serviços de saúde. Em países de baixa renda, onde os serviços são mais escassos, 1 em 41 mulheres morre por causa materna, em comparação com 1 em 3.300 em países de alta renda. Em mais de 90% dos países de baixa renda, há menos de quatro enfermeiras(os) e parteiras(os) por mil pessoas.

As atitudes para a atenção à saúde diferem. Nos lugares onde homens e mulheres enfrentam a mesma doença, eles muitas vezes procuram menos cuidados de saúde do que elas. Em países com epidemia generalizada de HIV, por exemplo, os homens são menos propensos do que as mulheres a fazer o teste de HIV, menos propensos a ter acesso à terapia antirretroviral e mais propensos a morrer de doenças relacionadas à AIDS do que as mulheres. Da mesma forma, os pacientes com tuberculose do sexo masculino parecem ser menos propensos a procurar atendimento do que os pacientes com tuberculose do sexo feminino.

O relatório também destaca a diferença nas causas de morte entre os gêneros – algumas biológicas, algumas influenciadas por fatores ambientais e sociais e algumas afetadas pela disponibilidade e aceitação dos serviços de saúde. Das 40 principais causas de morte, 33 contribuem mais para reduzir a expectativa de vida em homens do que em mulheres. Em 2016, a probabilidade de uma pessoa de 30 anos morrer de uma doença não transmissível antes dos 70 anos de idade era 44% maior em homens do que em mulheres.

As taxas globais de mortalidade por suicídio foram 75% mais altas em homens do que em mulheres em 2016. As taxas de mortalidade por acidentes de trânsito são duas vezes mais altas em homens que em mulheres de 15 anos e as taxas de mortalidade por homicídio são quatro vezes maiores em homens do que em mulheres. Publicado para coincidir com o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, que neste ano se concentra na atenção primária à saúde como a base da cobertura universal de saúde, as novas estatísticas da OMS destacam a necessidade de melhorar o acesso aos cuidados de saúde primários em todo o mundo e aumentar a adesão.

“Uma das metas dos três bilhões da OMS é que mais 1 bilhão de pessoas tenham cobertura universal de saúde até 2023”, disse Tedros. “Isso significa melhorar o acesso a serviços, especialmente no nível da comunidade, e garantir que esses serviços sejam acessíveis e eficazes para todos – independentemente de seu gênero”. De acordo com Samira Asma, assistente do diretor geral para dados, análise e entrega da OMS, essas estatísticas ressaltam a necessidade de priorizar urgentemente a atenção primária à saúde para gerenciar eficazmente as doenças não transmissíveis e reduzir os fatores de risco. “Por exemplo, algo tão simples como controlar a pressão arterial simplesmente não está acontecendo na escala necessária e o uso do tabaco continua sendo a principal causa de morte prematura”, afirmou.

Esperança de vida melhorou desde 2000

Entre 2000 e 2016, a expectativa de vida global ao nascer aumentou 5,5 anos, de 66,5 para 72 anos. A esperança de vida saudável ao nascer (número de anos que se espera viver em plena saúde) aumentou de 58,5 anos em 2000 para 63,3 anos em 2016. A expectativa de vida continua fortemente afetada pela renda. Nos países de baixa renda, a expectativa de vida é 18,1 anos mais baixa que nos países de alta renda. Uma criança em cada 14 nascidas em um país de baixa renda morrerá antes do quinto aniversário.

Pela primeira vez, este ano, as estatísticas mundiais de saúde da OMS foram desagregadas por sexo. Essa nova análise forneceu insights sobre a saúde e as necessidades das pessoas em todo o mundo. Mas muitos países ainda têm dificuldades para fornecer informações desagregadas por gênero. “O fechamento das lacunas de dados será acelerado e é importante para fechar a lacuna de gênero”, disse Richard Cibulskis, principal autor do relatório. “Coletar, analisar e usar dados desagregados de boa qualidade é essencial para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas. A política e a prática de saúde devem ser sustentadas por dados robustos e confiáveis, gerados nos países”.

Confira as estatísticas dos países aqui.

Fotos/Ilustrações: 

OPAS/OMS