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Publicado em: 23/05/2017

Asa Cristina Laurell encerra Colóquio Latino-Americano de Formação em Saúde Pública

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Ensp/Fiocruz

De 8 a 10 de maio, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) recebeu representantes de escolas e instituições de Saúde Pública da América Latina para a realização do I Colóquio Latino-Americano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação em Saúde Pública, que teve como principal objetivo possibilitar o intercâmbio de experiências exitosas de formação em saúde pública, estreitando o diálogo e o crescimento conjunto de instituições-chave do Brasil e de Cuba, que enfrentam cotidianamente o desafio de qualificar recursos humanos para seus sistemas de saúde. Ao longo de três dias, muitas experiências e desafios foram debatidos entre os especialistas presentes. Para encerrar as discussões, o Colóquio teve como conferencista uma grande pensadora da saúde na América Latina, com reconhecida trajetória acadêmica e na gestão pública, a sueca naturalizada mexicana Asa Cristina Laurell. Em sua apresentação, ela questionou Quem são os sanitaristas latino-americanos da atualidade? Uma visão da medicina social/saúde coletiva. A conferência foi coordenada pelo ex-presidente da Fiocruz e diretor do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz, Paulo Buss.

Asa Cristina Laurell dividiu sua fala em alguns tópicos. Citou Mario Testa e os sanitaristas latino-americanos, além de falar da complexidade do campo da saúde; da trajetória da relação contraditória entre saúde pública e medicina social/saúde coletiva; das políticas e práticas institucionais; e da educação em saúde pública no âmbito da saúde coletiva. Segundo ela, Mario Testa afirmava que “os sanitaristas latino-americanos são o grupo de profissionais mais frustrados, porque sabem perfeitamente o que fazer e não são capazes de fazer”. Em seguida, apontou alguns esclarecimentos iniciais, por exemplo, a relação entre medicina social e processos socioeconômicos e as condições de saúde (doença) de classes ou grupos sociais específicos; e a relação direta da saúde coletiva com a construção do Sistema Único de Saúde (SUS).

A sanitarista comentou, ainda, sobre a trajetória de uma relação contraditória entre saúde pública e medicina social/saúde coletiva. Entre os anos 70 e 80, havia uma crítica desenvolvimentista da saúde pública e seu método; posteriormente, houve uma construção própria teórico-metodológica. “Assim, surgiu a premissa da determinação histórico-social do saber, das práticas de saúde e do processo de saúde-doença coletiva e individual”, explicou ela. As políticas e práticas institucionais também estiveram presentes na apresentação de Asa Cristina Laurell. Segundo ela, houve algumas premissas para recuperar a concepção de saúde coletiva/medicina social, entre elas: padrão de acumulação, política econômica, política social em dois eixos: benefícios de salário-emprego e serviços sociais, e política de saúde da política social.

Por fim, Asa Cristina Laurell falou sobre a educação em saúde pública no âmbito da saúde coletiva. De acordo com a médica sanitarista, a saúde pública com enfoque na saúde coletiva/medicina social, tem concepções básicas que modulam o ensino, como as noções de determinação e os processos determinantes, saúde como direito, ética na saúde e ética pública. Ela citou, ainda, os elementos básicos de uma política de saúde, que necessita ter características básicas do sistema de saúde, noções básicas de legislação de saúde, modelos de atenção, além de participação social ativa. Finalizando, Asa Cristina Laurell pontuou também a formação técnica sólida, o conhecimento técnico de práticas comerciais e a questão da liderança.

Conferência de encerramento
Após a conferência de Asa Cristina Laurell, foi formada uma mesa de encerramento do I Colóquio Latino-Americano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação. A solenidade contou com a participação da presidente da Fiocruz, Nisia Trindade; do diretor da ENSP, Hermano Castro; do diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz),Paulo Cesar; além de Lazaro Diaz, da ENSAP Cuba; Disnardo Raul, do INHEM Cuba; Waldo Diaz, do Instituto Nacional de Salud de los Trabajadores - Cuba; Antonio Humberto Rodríguez Sánchez Toledo, decano de la Facultad de Tecnologia de la Salud de Cuba; João Pereira, diretor ENSP Portugal; Monica Padilla, coordenadora da Unidade Técnica de Capacidades Humanas para a Saúde (Opas/OMS); Carina Vance, diretora do ISAGS; e Luis Francisco Sanchez Otero, coordenador Regional de Saude da Organización del Tratado de Cooperación Amazónica.
 
Confira a solenidade no vídeo abaixo:

Quem são os sanitaristas latino-americanos da atualidade?

Plenário de encerramento