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Publicado em: 11/06/2025

Risco à saúde pública associado à febre amarela continua alto nas Américas devido ao surgimento contínuo de casos humanos

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A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu uma nova avaliação rápida de risco (RRA, pela sigla em inglês) para febre amarela nas Américas, mostrando que o risco à saúde pública continua alto devido à persistência de casos humanos em países endêmicos da Região.

Até o momento, em 2025, houve um aumento de mais de oito vezes nos casos em comparação com o mesmo período de 2024. Isso se deve à reativação periódica dos ciclos de transmissão silvestre, com casos de transmissão entre pessoas. No total, os países notificaram 221 casos humanos confirmados de febre amarela, incluindo 89 mortes. Em comparação, 61 casos humanos foram confirmados durante todo o ano de 2024, incluindo 30 mortes.

Os casos estão localizados na Bolívia (3 casos, 1 morte), Brasil (110 casos, 44 mortes), Colômbia (64 casos, 26 mortes), Equador (6 casos, 5 mortes) e Peru (38 casos, 13 mortes).

É preocupante o fato de que, embora a maioria dos casos em 2024 tenha sido registrada na região amazônica da Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana e Peru, casos também foram registrados fora dessa região este ano, em áreas como o estado de São Paulo, no Brasil (semelhante ao surto de 2016-2018), e o departamento de Tolima, na Colômbia. O surgimento da febre amarela silvestre perto de áreas densamente povoadas aumenta o risco de um surto urbano.

Quase todos os casos notificados em 2024 e 2025 ocorreram em indivíduos não vacinados. Antes da pandemia de COVID-19, a cobertura vacinal contra febre amarela em países endêmicos da região variava de 57% a 100% em crianças de 9 a 18 meses. No entanto, 10 dos 12 países endêmicos apresentaram taxas de cobertura abaixo dos 95% recomendados. Entre 2020 e 2023, essas taxas caíram ainda mais, deixando uma parcela considerável da população desprotegida.

Embora a capacidade de vacinação em países endêmicos tenha melhorado desde então, o fornecimento global limitado de vacina contra febre amarela continua sendo um desafio, já que os estoques atuais não conseguem atender à demanda nas Américas ou na África.

Na avaliação de riscos emitida em 23 de maio, a OPAS faz um chamado à necessidade de fortalecer a vigilância, a vacinação de populações em risco e as estratégias de comunicação para garantir aconselhamento de saúde pública às comunidades afetadas e às pessoas que viajam para áreas onde a vacinação é recomendada.

A OPAS também está trabalhando com países endêmicos para proporcionar apoio técnico, visando otimizar as estratégias de vacinação. Isso inclui o uso de doses fracionadas quando apropriado, bem como a identificação das populações com maior risco e necessidade de vacinação.

A febre amarela é uma doença hemorrágica aguda endêmica em áreas tropicais das Américas e da África. Nas Américas, é geralmente transmitida por mosquitos silvestres das espécies Haemagogus e Sabethes. Os sintomas costumam aparecer de 3 a 6 dias após a picada de um mosquito infectado e incluem febre, dor muscular, dor de cabeça, calafrios, perda de apetite, náuseas e vômitos. Embora os sintomas se resolvam na maioria dos pacientes, cerca de 15% apresentam febre alta, danos a órgãos e, em alguns casos, morte.