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Publicado em: 08/03/2017

OMS alerta para as consequências da poluição ambiental: 1,7 milhões de mortes de crianças por ano

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De acordo com dois novos relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 25% das mortes de crianças menores de cinco anos são causadas pela poluição ambiental. Todos os anos, as condições ambientais insalubres, tais como a poluição do ar em ambientes fechados e ao ar livre, o fumo passivo, a água contaminada, a falta de saneamento e a higiene inadequada causam a morte a 1,7 milhões de crianças menores de cinco anos.

No primeiro relatório, intitulado ‘O legado de um mundo sustentável: Atlas sobre Saúde Infantil e Meio Ambiente’ (em ingês) indicou que muitas doenças que estão entre as principais causas de morte de crianças de um mês a cinco anos, como doenças diarreicas, malária e pneumonias, podem ser evitadas por meio de intervenções que reduzam os riscos ambientais, tais como o acesso à água potável e ao uso de combustíveis menos poluentes.

Dr. Margaret Chan, Diretora-Geral da OMS, afirma que "o ambiente insalubre pode ser fatal, especialmente para crianças pequenas, que são especialmente vulneráveis ​​à poluição do ar e da água, porque seus órgãos e seu sistema imunológico ainda estão em desenvolvimento e, seus corpos, especialmente as vias aéreas ainda, ainda são pequenos".

Exposição a substâncias perigosas durante a gravidez aumenta o risco de prematuridade. Além disso, a poluição do ar em ambientes fechados e ao ar livre e exposição ao fumo passivo aumenta o risco para lactentes e pré-escolares de contrair pneumonia na infância e ter doenças respiratórias crônicas (por exemplo asma) durante toda a vida. A poluição do ar, também pode aumentar o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e o câncer em todo o ciclo de vida.

As cinco principais causas de morte em crianças menores de cinco anos estão relacionadas com o ambiente

Outro relatório, intitulado ‘Não poluir o meu futuro! O impacto dos fatores ambientais na saúde das crianças’ (em inglês), apresenta dados que ilustram a magnitude do problema. Segundo o documento, a cada ano:

  • 570 mil crianças com menos de cinco anos morrem de infecções respiratórias (incluindo pneumonia) causadas pela poluição do ar em ambientes fechados e ao ar livre e exposição ao fumo passivo.
  • 361 mil crianças com menos de cinco anos morrem de doenças diarreicas, devido à falta de acesso à água potável, a saneamento e à higiene.
  • 270 mil crianças morrem durante o primeiro mês após o nascimento, por várias razões, incluindo sua prematuridade, que poderiam ser evitadas através do aumento do acheterdufrance.com acesso à água potável e a instalações de saneamento e higiene nos centros de saúde e da redução da poluição do ar.
  • 200 mil mortes por malária de crianças menores de cinco anos poderia ser evitada, com ações sobre o ambiente, por exemplo, reduzindo o número de criadouros de mosquitos ou cobrindo tanques de água.
  • 200 mil crianças menores de cinco anos morrem de ferimentos ou lesões não intencionais relacionados ao meio ambiente, tais como intoxicações, quedas e afogamentos.

Fatores atuais e os riscos ambientais para a saúde das crianças emergentes

Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública e Saúde Ambiental e Determinantes Sociais da Saúde da OMS, diz que "a poluição ambiental tem um custo elevado para a saúde dos nossos filhos. Qualquer investimento destinado a eliminar os riscos associados com o meio ambiente, como a melhoria da qualidade da água ou a utilização de combustíveis mais limpos, trará melhorias significativas para a sua saúde".

Um exemplo de risco emergente são resíduos elétrico e eletrônicos (por exemplo, telefones celulares utilizados) que, não sendo reciclados expor adequadamente as crianças a toxinas que podem afetar suas capacidades cognitivas e causar déficits de atenção, lesões pulmonares e câncer. Estima-se que, entre 2014 e 2018, o volume de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos vai aumentar em 19% e chegará a 50 milhões de toneladas por ano.

Devido às alterações climáticas, estão aumentando as temperaturas e a concentração de dióxido de carbono, fatores que favorecem a produção de pólen, algo que vem sendo associado ao aumento das taxas de asma em crianças. Entre 11% e 14% de crianças com menos de cinco anos de idade apresentam sintomas da asma, e estima-se que 44% desses casos estejam relacionados com a exposição aos riscos ambientais. A poluição do ar, o fumo passivo, bem como o mofo e a umidade dos espaços interiores, tendem a agravar o problema.

A falta de acesso a serviços básicos, como água potável e saneamento, e a exposição a resíduos de combustíveis poluentes aumentam o risco de doenças diarreicas e a proporção de crianças com pneumonias. Além disso, essas crianças também estão expostos a substâncias químicas nocivas contidas nos alimentos, na água e no ar. A OMS afirma que inúmeros produtos químicos, tais como fluoretos, pesticidas que contêm chumbo e mercúrio, poluentes orgânicos persistentes e outras substâncias em produtos manufaturados podem acabar entrando na cadeia alimentar e afetando as crianças. Além disso, enquanto a gasolina com chumbo foi removido quase completamente em todos os países, em muitos lugares ainda são utilizadas tintas que contêm esse metal, associado a problemas de desenvolvimento do cérebro.

Medidas propostas pela OMS para que todas as crianças vivam em entornos saudáveis

A redução da poluição atmosférica dentro e fora das casas, acesso àa água potável, saneamento e desinfecção (especialmente nas maternidades), protecção das mulheres grávidas contra o fumo passivo e medidas de higiene ambiental podem prevenir muitas mortes e doenças infantis. Para que isso ocorra, no entanto, é necessário trabalho conjunto de vários setores do governo, os auqis podem trabalhar juntos para implementar as seguintes medidas:

  • Ambiente doméstico: uso de combustíveis não poluentes na cozinha e nos sistemas de aquecimento. Eliminação de mofo e pragas, de materiais de construção que contenham contaminantes e tintas contendo chumbo.
  • Escolas: garantir saneamento e a higiene, criando ambientes sem ruído excessivo e poluição, além de promover a boa nutrição.
  • Centros de saúde: garantir o fornecimento de água potável, saneamento, higiene e alimentação e eletrecidade sem cortes.
  • Urbanismo: criação de mais áreas verdes e espaços seguros para pedestres e ciclistas.
  • Transportes: reduzir as emissões e ampliar o transporte público.
  • Agricultura: reduzir o uso de pesticidas perigosos e eliminar o trabalho infantil.
  • Indústria: eliminação de resíduos perigosos e cortar o uso de substâncias químicas nocivas.
  • Setor da saúde: acompanhar os resultados de saúde e educar as pessoas sobre os efeitos da saúde ambiental e a importância da prevenção

No âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os países estão trabalhando para alcançar uma série de metas que podem orientar as intervenções de higiene do ambiente em que vivem as crianças e, consequentemente, acabar com as mortes evitáveis ​​de lactentes e crianças menores de cinco anos até 2030. Além da meta específica da saúde – ‘Garantir um estilo de vida saudável e promover o bem-estar de todos em todas as idades’ – a realização de outros objetivos – acesso à água potável, ao saneamento e à higiene; transição para o uso de energias não-poluentes, a fim de melhorar a salubridade do ar; e, por fim, reverter a mudança climática global – também trará efeitos positivos sobre a saúde infantil.