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Publicado em: 21/11/2017

Relatório da Afro/OMS destaca o aumento da desnutrição na África

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Afro/OMS (tradução: Hifa-PT)

Um relatório de nutrição recentemente divulgado pelo Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para a África (Afro/OMS) revelou que a desnutrição ainda é persistente na Região e que também houve aumento do número de crianças com transtorno do crescimento. O relatório lançado na cidade de Abidjan, Costa do Marfim, no dia 16 de novembro, também indica um número crescente de crianças com menos de cinco anos com excesso de peso. As lacunas dos dados também está entre as preocupações críticas apontadas no informe.

O documento descreve o status atual em relação aos objetivos globais de nutrição, cujas  metas nutricionais exigem uma redução de 40% no número de crianças menores de cinco anos que sofrem do transtorno do crescimento (atrofias), 50% de redução da anemia em mulheres em idade reprodutiva, redução de 30% no baixo peso ao nascer, sem aumento no excesso de peso na infância, aumento da taxa de aleitamento materno exclusivo para pelo menos 50% e reduzindo o desperdicio em menos de 5%.
O relatório, o primeiro de sua espécie publicado pela AFRO/OMS desde de 2000,  também se juntou às Estimativas de Desnutrição, publicadas anualmente pela UNICEF, OMS e pelo Banco Mundial. Isso evidencia o alarme das lacunas críticas nos dados nutricionais disponíveis em todos os países daquela Região. Para 19 dos 47 países, os dados nutricionais 'atuais' refletem a situação em 2012 ou anos anteriores. Em dois países, os levantamentos mais recentes datam de 2000.

De acordo com o Director Regional da OMS para a África, Dr. Matshidiso Moeti o documento é de extrea importância, mas ainda ha muito que se fazer. "Os números e tendências destacados no relatório mostram que precisamos trabalhar para as reduzir as consequências a longo prazo da desnutrição e da má saúde na prosperidade futura dos nossos filhos, incluindo o aumento do risco de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta, como diabetes e hipertensão", disse, ressaltando que os dados para o monitoramento da nutrição ainda são extremamente limitados.

O relatório ainda aponta que, embora a prevalência de atrofia (transtorno do crescimento) diminuiu entre 2000 e 2016, o número absoluto de crianças aumentou de 50,4 milhões em 2000 para 58,5 milhões em 2016. Transtorno do crescimento e outros problemas relacionados ao crescimento acontecem quando as crianças experimentam uma má nutrição doença e a falta de estimulação psicossocial.  Tipicamente acontece antes da criança alcançar os dois anos de idade, e as consequências em longo prazo são baixa performance escolar, baixos salários na vida adulta, perda de produtividade e aumento do risco de doencas crônicas relacionadas à nutrição na vida adulta.

O autor principal do relatório, o Dr. Adelheid Onyango, que é o consultor de nutrição da OMS para África, diz que as taxas de sobrepeso em crianças ainda são baixas, mas a proporção e os números estão aumentando em todas as faixas etárias. Entre os adultos, por exemplo, o excesso de peso, incluindo a obesidade, afeta mais de 40% no Gabão, Gana e Lesoto.

De acordo com a Dra. Felicitas Zawaira, Diretora da Saúde da Família e da Reprodução da Afro/OMS, a desnutrição, além dos impactos óbvios físicos e de desenvolvimento também prejudica o crescimento econômico: em todo o mundo, entre 3% e 16% do PIB é perdido anualmente para os transtornos do crescimento (atrofias).

Por sua vez, o relatório da Unicef, OMS e Banco Mundial de 2016 mostra que o número de crianças com sobrepeso na África aumentou em mais de 50% entre 2000 e 2015. O relatório constatou que 24 países têm taxas entre 3 e 10%. Estes incluem a Argélia (12,4%), Botswana (11,2%), Comores (10,9%), Seychelles (10,2%) e África do Sul (10,9%).
"Os governos africanos podem e devem tomar medidas para prevenir e reduzir os nutrientes adversos, melhorando o meio ambiente", disse o Dr. Francesco Branca, Diretor do Departamento de Nutrição da OMS (Genebra). Dr. Branca enfatizou a necessidade de reduzir drasticamente o consumo de carboidratos refinados e alimentos com alto teor de açúcares e gordura, o que pode ser alcançado tornando bebidas acucaradas menos acessíveis e atraentes através da tributação, rotulagem e mudanças nas práticas de marketing.

Fotos/Ilustrações: 

AFRO/OMS