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Publicado em: 01/06/2016

Unaids: 17 milhões de pessoas vivendo com HIV tiveram acesso a tratamento antirretroviral em 2015

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ONU

Cerca de 17 milhões de pessoas vivendo com HIV chegaram ao final de 2015 com acesso a medicamentos antirretrovirais. O número representa um aumento de 2 milhões de indivíduos em apenas 12 meses e foi destaque deum novo relatório publicado nesta terça-feira (31) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). O organismo internacional destaca que a cobertura global da terapia antirretroviral alcançou uma média de 46% ao final do ano passado.

Os ganhos foram maiores na África Oriental e Meridional, onde a cobertura aumentou de 24% em 2010 para 54% em 2015, atingindo um total de 10,3 milhões de pessoas. Na África do Sul, 3,4 milhões receberam tratamento. O país é seguido pelo Quênia, onde quase 900 mil foram tradados com antirretrovirais.

Segundo o levantamento do UNAIDS, a expansão da acesso à terapia foi responsável pela redução do número de mortes relacionadas à AIDS — de 1,5 milhão em 2010 para 1,1 milhão em 2015. Nesse período, 12 países — Botsuana, Eritreia, Quênia, Malauí, Moçambique, Ruanda, África do Sul, Suazilândia, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue — aumentaram a cobertura do tratamento em mais de 25%.

“O potencial máximo da terapia antirretroviral está em execução”, disse o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Pedimos a todos os países que aproveitem essa oportunidade sem precedentes para iniciar os programas de prevenção e tratamento contra a AIDS, com o objetivo de pôr fim à epidemia em 2030.”

Apesar de avanços, prevenção do HIV está perdendo fôlego

Apesar das conquistas na luta contra a epidemia, o relatório da agência da ONU alerta que a redução no número de novas infecções por HIV entre adultos perdeu o fôlego de forma alarmante. Em 2015, foram registradas cerca de 1,9 milhão de novas transmissões — valor considerado “estático” pelo UNAIDS por não representar avanços significativos.

Os números globais, porém, escondem disparidades regionais importantes. Em 2015, nas Áfricas Oriental e Meridional, foi verificada a maior queda — cerca de 40 mil casos a menos — no índice de novas infecções por HIV entre adultos. O número representa uma redução de 4%.

Taxas de novas transmissões do HIV entra adultos ficaram relativamente estáveis na América Latina e no Caribe, Europa Ocidental e Central, América do Norte, Oriente Médio e Norte da África. No entanto, na Europa Oriental e na Ásia Central, o número anual de novas infecções aumentou em 57% de 2010 a 2015.

Populações vulneráveis

O levantamento do UNAIDS destaca que jovens e adolescentes, especialmente as mulheres jovens e meninas, ainda estão sendo deixadas para trás na resposta à epidemia.

Garotas adolescentes e mulheres jovens entre 15 e 24 anos de idade são as que têm o maior risco de infecção por HIV no mundo e representam 20% das novas infecções pelo vírus entre adultos em 2015 – apesar de corresponderem a apenas 11% da população adulta.

Na África Subsaariana, meninas adolescentes e mulheres jovens respondem por 25% das novas infecções por HIV entre adultos.

O relatório também revela que mais de 90% das novas transmissões do HIV em 2014 na Ásia Central, Europa, América do Norte, Oriente Médio e Norte da África estavam entre as populações-chave e seus parceiros sexuais, incluindo gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis.

Na África Subsaariana, as populações-chave são responsáveis por mais de 20% das novas infecções. Segundo o UNAIDS, as estimativas indicam que estes grupos  ainda não estão sendo alcançadas adequadamente com serviços de prevenção e tratamento do HIV, apesar de registrarem as maiores taxas de prevalência do vírus.

Parcerias e atendimento a públicos específicos são necessários

O relatório incita os países a trabalhar em estreita colaboração com os parceiros, em particular com a sociedade civil, as comunidades e as pessoas que vivem com o HIV. Somente dessa forma será possível garantir que os governos saibam onde suas epidemias estão concentradas e que tenham os serviços adequados disponíveis nos lugares certos.

Segundo o UNAIDS, normas prejudiciais de gênero, obstáculos à educação e serviços de saúde sexual e reprodutiva, pobreza, insegurança alimentar e violência são os principais fatores que impulsionam, por exemplo, o avanço da epidemia entre jovens mulheres e adolescentes.

Já a criminalização de relações entre pessoas do mesmo sexo, do uso de drogas e dos profissionais do sexo contribui para marginalizar e estigmatizar esses públicos, limitando seu acesso à saúde.

“Precisamos de uma resposta à epidemia de AIDS centrada em pessoas, capaz de remover todos os obstáculos no caminho do acesso que as pessoas precisam ter aos serviços de prevenção e tratamento do HIV”, disse Sidibé.

O Programa da ONU conta com um plano ambicioso de Aceleração da Resposta à AIDS no mundo. A meta é garantir, até 2020, que 90% das pessoas que vivem com HIV estejam diagnosticadas; 90% das pessoas diagnosticadas positivas para HIV estejam em tratamento; e 90% das pessoas em tratamento tenham carga viral indetectável.

Fotos/Ilustrações: 

Unaids