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Uma análise dos vetores do Zika - Aedes

Atualizado: 28/06/2022
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OMS


O vírus Zika (ZIKAV) foi isolado pela primeira vez na floresta africana e apenas alguns casos humanos foram relatados até a primeira epidemia, relatada na Ilha do Pacífico de Yap em 2007 (Weaver et al., 2016). A transmissão do Zika por mosquitos silvestres é quase desconhecida, já que apenas alguns estudos têm encontrado várias espécies de mosquitos positivos para o Zika (Diallo et al., 2011), mas a detecção específica do vírus na glândula salivar, que é um pré-requisito de transmissão do mosquito, foi confirmada apenas em duas espécies Aedes (Diagne et al., 2015). 

Após a epidemia rural na Ilha de Yap, onde o vetor suspeito foi o Aedes hensilli (Ledermann et al., 2014), o Zika vírus emergiu em uma epidemia urbana pela primeira vez na Polinésia Francesa em 2013 e o principal vetor foi o Aedes aegypti, com uma suspeita do Aedes polynesiensis como vetor secundário (Loos et al., 2014). Em 2015, o Zika foi relatado pela primeira vez no Brasil. 

Enquanto a transmissão epidêmica de Zika é relatada para ocorrer principalmente em ambientes urbanos através do mosquito antropofílico Aedes aegypti, como evidenciado pela vigilância de campo limitado (Marchette et al, 1969;. Olson et al., 1981) e estudos experimentais (Boorman e Porterfield de 1956 ;. Cornet et al, 1979a;. Li et al, 2012), o Aedes hensilli e/ou Aedes polynesiensis (Musso et al., 2014) podem servir como vetores na Ilha de Yap e Ilhas do Pacífico, respectivamente. 

Em 2007, em Gabão, a transmissão urbana do Zika  foi associada ao Aedes albopictus (Girard et al., 2014). Outros estudos experimentais (Wong et al., 2013) apoiaram um papel em populações asiáticas de Aedes albopictus como vetores de transmissão de Zika concomitantemente com o Aedes aegypti (Li, et al. 2012). Dada a sua natureza invasiva e a ampla distribuição geográfica em locais tropicais, bem como configurações de clima temperado, existe o potencial para que o Aedes albopictus se torne um vetor de Zika na Europa. 

Na região da América, estudos laboratoriais recentes sobre o Aedes aegypti e Aedes albopictus têm provado a sua competência na amplificação e transmissão do vírus Zika (ChouinCarneiro et al., 2016) com algumas diferenças geográficas. O estudo também descobriu que o Aedes aegypti de Guadalupe e Guiana Francesa exibiu uma difusão maior de Zika do que o outro Aedes aegypti examinado. 

Atualmente, o nosso conhecimento dos vetores de Zika em todos os estudos relatados, a África, Ásia, região do Pacífico e as Américas estão apontando os mosquitos Aedes como os vetores principais. Em ambientes urbanos, em particular, a evidência sugere fortemente que o Aedes aegypti é o principal vetor, porque esta espécie é altamente antropofílica (McBride, 2016) e o Aedes albopictus pode desempenhar um papel secundário como vetor. É importante, no entanto, continuar a pesquisar o papel que outras espécies podem desempenhar na transmissão do Zika. Para fortalecer ainda mais o nosso conhecimento sobre os vetores de Zika, algumas instituições como a Fiocruz no Brasil e o Instituto Pasteur em Paris estão testando outras espécies de mosquitos, como o Culex por sua competência potencial para o Zika vírus. Os resultados serão divulgados em breve. 

Em 29 de março de 2016, como parte de um painel de discussão (webinar) na conferência patrocinada NIH sobre Zika, Scott Weaver (University of Texas Medical Branch) mencionou que seu laboratório tem testado mosquitos coletados no México em um local onde as infecções de Zika em humanos foi detectada. Ele disse que eles identificaram apenas Aedes aegyptis infectados com Zika. Os Aedes albopictus & Culex quinquefasciatus foram testados, mas nenhum deles continha o ARN viral detectável (ensaio de PCR provável). O secretariado da OMS entrou em contato com o grupo de pesquisa para obter mais informações.


Referências:

  • Weaver et.al (2016) Zika Virus: History, Emergence, Biology, and Prospects for Control. Antiviral Res. 2016 Mar 17. pii: S0166-3542(16)30120-6. doi:10.1016/j.antiviral.2016.03.010. [Epub ahead of print]
  • Diawo Diallo, Amadou A. Sall, Cheikh T. Diagne, Oumar Faye, Ousmane Faye, Yamar Ba, Kathryn A. Hanley, Michaela Buenemann, Scott C. Weaver, Mawlouth Diallo (2011). Research Article | published 13 Oct 2014 | PLOS ONE 10.1371/journal.pone.0109442
  • Diagne CT, Diallo D, Faye O, Ba Y, Faye O, Gaye A, Dia I, Faye O, Weaver SC, Sall AA, Diallo M. Potential of selected Senegalese Aedes spp. mosquitoes (Diptera: Culicidae) to transmit Zika virus. BMC Infect Dis. 2015 Nov 2;15:492. doi: 10.1186/s12879-015-1231-2
  • Ledermann JP, Guillaumot L, Yug L, Saweyog SC, Tided M, Machieng P, et al. (2014) Aedes hensilli as a Potential Vector of Chikungunya and Zika Viruses. PLoS Negl Trop Dis 8(10): e3188. doi:10.1371/journal.pntd.0003188
  • Loos S, Mallet HP, Leparc Goffart I, Gauthier V, Cardoso T, Herida M.(2014) Current Zika virus epidemiology and recent epidemics. Med Mal Infect. Jul;44(7):302-7. doi: 10.1016/j.medmal.2014.04.008. Epub 2014 Jul 4.
  • Marchette et al., (1969) Isolation of Zika virus from Aedes aegypti mosquitoes in Malaysia. Am J Trop Med Hyg.18:411–5.
  • Olson et al., (1981) Zika virus a cause of fever in central Java, Indonesia. Trans.Roy.Soc. of Trop. Med. Hyg. 75(3);389-393
  • Boorman JP, Porterfield JS (1956) A simple technique for infection of mosquitoes with viruses; transmission of Zika virus. Trans R Soc Trop Med Hyg 50: 238–242. doi: 10.1016/0035- 9203(56)90029-3
  • Cornet M, Robin Y, Adam C, Valade M, Calvo MA (1979) [Comparison between experimental transmission of yellow fever and zika viruses in Aedes aegypti]. Cah ORSTOM ser Ent med et Parasitol 17: 47–53.
  • Musso D, Nilles EJ, Cao-Lormeau VM.(2014) Rapid spread of emerging Zika virus in the Pacific area. Clin Microbiol Infect.;20(10):O595–6. doi: 10.1111/1469-0691.12707. pmid:24909208
  • Girard et al., 2014
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  • Li MI, Wong PS, Ng LC, Tan CH. (2012) Oral susceptibility of Singapore Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus) to Zika virus. PLoS Negl Trop Dis;6(8):e1792. doi: 10.1371/journal.pntd.0001792. Epub 2012 Aug 28.
  • Chouin-Carneiro T, Vega-Rua A, Vazeille M, Yebakima A, Girod R, Goindin D, et al. (2016) Differential Susceptibilities of Aedes aegypti and Aedes albopictus from the Americas to Zika Virus. PLoS Negl Trop Dis 10(3): e0004543. doi:10.1371/journal.pntd.0004543
  • McBride CS. (2016) Genes and Odors Underlying the Recent Evolution of Mosquito Preference for Humans. Curr Biol. Jan 11;26(1):R41-6. doi: 10.1016/j.cub.2015.11.032.