Avanço da tuberculose nas Américas exige ações urgentes e inovadoras
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alerta que o cenário foi agravado pelas desigualdades socioeconômicas ampliadas durante o período pandêmico. Jarbas Barbosa, diretor da instituição, enfatiza a necessidade crucial de adoção de novas tecnologias para reverter essa tendência alarmante.
A tuberculose mostra padrão de incidência desigual, afetando desproporcionalmente populações vulneráveis. Entre os grupos mais atingidos destacam-se pessoas privadas de liberdade - que em alguns países representam até 57% dos casos -, povos indígenas, população em situação de rua e indivíduos com comorbidades ou condições de imunossupressão. Sylvain Aldighieri, diretor de Controle de Doenças Transmissíveis da OPAS, chama atenção para o fato de que aproximadamente um terço dos casos na América Latina estão diretamente relacionados ao sistema prisional, exigindo ações específicas nesses ambientes.
Diante deste quadro, a OPAS recomenda a implementação de estratégias inovadoras, como o uso de radiografias com inteligência artificial para triagem - tecnologia que já demonstrou eficácia ao triplicar as taxas de detecção em prisões peruanas. Outras medidas incluem a ampliação de testes moleculares rápidos em unidades básicas de saúde e a adoção de tratamentos orais mais curtos com apoio de telemedicina.
O combate à tuberculose recebeu reforço com o compromisso assumido por líderes globais durante reunião na Assembleia Geral das Nações Unidas. A OPAS e a OMS destacam a urgência em converter essas promessas em ações concretas, com ênfase no fortalecimento de estratégias nacionais, garantia de financiamento adequado e superação das lacunas no acesso a serviços de prevenção e tratamento.
Como parte da Iniciativa de Eliminação de Doenças da OPAS, a tuberculose figura entre as 30 condições prioritárias para intervenção, com ações concentradas especialmente nas populações mais vulneráveis. O atual momento exige esforços coordenados e investimentos sustentáveis para conter o avanço da doença e reverter o cenário de crescimento observado na última década.