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Publicado em: 02/03/2021

Cerca de 2,5 bilhões de pessoas podem sofrer perda auditiva até 2050

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Um quarto da população global, ou cerca de 2,5 bilhões de pessoas, viverá com algum grau de perda auditiva em 2050. A previsão é do primeiro Relatório Mundial sobre Audição lançado pela Organização Mundial da Saúde, OMS. 

O estudo, divulgado esta terça-feira, estima que sem medidas para prevenir e tratar este tipo de perda, pelo menos 700 milhões de pessoas precisarão de acesso a cuidados auditivos e outros serviços de reabilitação. 

Retorno 

Os governos podem ter um retorno de quase US$ 16 para cada dólar que for aplicado nesses esforços. 

A ONU News conversou com a otorrinolaringologista Danielle Torres, do Rio de Janeiro, que destacou haver avanços em nível de tecnologia que ainda não estão disponíveis para grande parte da população sofrendo os impactos dessas doenças.

“Eles são sentidos na cognição, na escolaridade e na renda desses pacientes. É fundamental que todas as tecnologias que nós já possuímos, e que a ciência conseguiu desenvolver até o momento, como próteses auditivas de grande qualidade e algumas cirurgias que permitem restabelecer a audição em alguns casos. A gente tem cirurgias de implante nuclear e cirurgias de próteses que podem ser colocadas dentro do ouvido. A gente tem aparelhos auditivos de grande qualidade que oferecem sons puros e facilitam a conectividade até com equipamentos eletrônicos.”

A publicação, lançada antes do Dia Mundial da Audição, este 3 de março, defende que a expansão do acesso a serviços de saúde auditiva.

Cuidados 

O estudo enfatiza fatores como falta de informações precisas e atitudes estigmatizantes, tanto em relação às doenças do ouvido como à perda auditiva. Estas razões muitas vezes impedem o acesso aos cuidados. 

A especialista brasileira destaca a dimensão do preconceito sobre as pessoas afetadas por questões de saúde auditiva.

“Existem vários estigmas em relação à pessoa com perda auditiva, inclusive estigmas estéticos, que impedem as pessoas de buscar o tratamento necessário. Tudo isso precisa ainda evoluir bastante. Precisa avançar essa discussão, para que as pessoas que usam aparelho auditivo se sintam integradas. É como uma pessoa que usa óculos. A deficiência visual, com necessidade de utilização de óculos, é extremamente mais comum e mais aceita do que a necessidade de um aparelho auditivo.”

Entre os prestadores de cuidados de saúde, muitas vezes falta conhecimento sobre a prevenção, a identificação precoce e o tratamento da perda auditiva e de doenças do ouvido. Essa limitação afeta a capacidade de fornecer os cuidados.

Informação 

Os desafios incluem ainda a falta de integração de cuidados auditivos nos sistemas nacionais de saúde, cujo acesso é ainda um desafio para pessoas sofrendo de problema de ouvido ou perda auditiva. As medições e a documentação são deficientes e faltam indicadores nos sistemas de informação em saúde. 

Nos recursos humanos, as lacunas são visíveis na incapacidade oferecida pelos sistemas de saúde. Nos países de baixa renda, cerca de 78% têm menos de um especialista em doença de ouvido, nariz e garganta por cada milhão de habitantes.

O relatório aponta que nessas economias, 93% dos cidadãos têm menos de um audiólogo por milhão de pessoas. Somente 17% deles têm um ou mais fonoaudiólogos e metade têm um ou mais professores para surdos por milhão. 

A boa notícia é que essas disparidades podem ser eliminadas através de uma integração dos cuidados auditivos e auditivos em cuidados primários de saúde, adotando estratégias como compartilhamento de tarefas e treinamento. 

Sobrecarga

Mesmo em países com proporções relativamente altas de profissionais de saúde auditiva e de ouvido, a distribuição de especialistas é desigual. Esse desequilíbrio representa desafios para as pessoas precisando de cuidados e sobrecarrega aos profissionais desses serviços. 

O relatório foi lançado para marcar o Dia Mundial da Audição de 2021, sob o lema Cuidados Auditivos para Todos! Filtrar, reabilitar, comunicar.

Triagem

Quase 60% da perda auditiva pode ser evitada com medidas como imunização para prevenir a rubéola e a meningite, a melhoria dos cuidados maternos e neonatais, além da triagem e tratamento precoce da otite média.

Em adultos, o controle de ruídos, os níveis seguros de volume e a vigilância de medicamentos ototômicos podem ajudar a manter uma boa audição e reduzir o potencial de perda auditiva. A esses fatores junta-se uma boa higiene do ouvido.

Na publicação, a OMS destaca que a identificação do problema é o primeiro passo para lidar com a perda auditiva ou doenças relacionadas ao ouvido.

 

Fotos/Ilustrações: 

Unicef/UN0264260/Haro: Níveis seguros de volume podem ajudar a evitar perda auditiva