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Publicado em: 22/07/2016

Cientistas analisam síndrome congênita do zika em reunião no Brasil

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Opas/OMS

O conjunto de anormalidades observadas em fetos que contraíram zika e o possível nexo causal com a infecção pelo vírus sugerem o aparecimento de uma nova síndrome congênita.

Cientistas do Brasil, da Colômbia e da Argentina, especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) e oficiais dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estão investigando os detalhes da infecção pelo vírus zika e seus efeitos sobre o feto em uma reunião técnica na Região Metropolitana de Recife, Pernambuco, nesta semana. Eles pretendem avançar no sentido de definir exatamente o que a seria a síndrome congênita do zika seria, com base em dados coletados até o momento.

Após uma visita de campo a instituições de saúde no Recife que atendem crianças com microcefalia e outras condições associadas com a infecção pelo vírus zika, os cientistas ouviram uma visão geral da situação epidemiológica, apresentada pelo Gerente de Incidentes da Opas para Zika, Sylvain Aldighieri. Eles estão analisando revisões sistemáticas de dados sobre zika, e compartilhando experiências do Brasil e da Colômbia.

Os clínicos, especialistas e pesquisadores planejam continuar as apresentações técnias e discussões em grupo até esta quinta-feira (21), com o objetivo de analisar evidencias e entrarem em acordo sobre a “caracterização preliminar da síndrome associada com infecção congênita pelo vírus zika”.

De acordo com os especialistas, “a gama de distúrbios observados e do nexo causal provável com infecção pelo vírus zika sugerem a presença de uma nova síndrome congênita. A OMS pôs em prática um processo para definir o espectro da síndrome. O processo foca em mapeamento e análise das manifestações clínicas englobando os distúrbios neurológicos, auditivos, visuais e outros, além de descobertas relacionadas a neuroimagem”.

As informações sobre as complicações decorrentes da infecção pelo vírus zika ainda é limitada, e os cientistas planejam compartilhar dados sobre diagnóstico, descrição, consequências, processos físicos e análise de evidências de clínicos e pesquisadores a respeito das principais descobertas que fizeram até o momento.

“Nosso objetivo é dar assistência aos países no fortalecimento da vigilância do zika e Síndrome da Zika Congênita, além de aperfeiçoar a preparação para lidar com a Síndrome de Guillain-Barré nos serviços de saúde. A relação espacial e temporal de zika e Síndrome de Guillain-Barré é evidente em muitos países”, afirmou o gerente de incidentes da Opas para zika, Sylvain Aldighieri, durante a reunião internacional.

“Tivemos a oportunidade de ir ao IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), em Pernambuco, e ver o trabalho excelente, incrível, que eles estão fazendo no acompanhamento e cuidado de crianças com microcefalia. É importante levar esse trabalho a outras partes do Brasil e do mundo”, disse o diretor de Família, Gênero e Curso de Vida, Andres de Francisco. “Também devemos lembrar que o zika não é a única causa de microcefalia e microcefalia não é o único possível sinal de zika”, acrescentou.

“Depois de quase um ano de trabalho muito forte de vários grupos de pesquisadores, hoje existe certo consenso de associar zika não apenas com microcefalia, mas com outros aspectos da síndrome congênita. A Opas quer facilitar esse processo de buscas, de pesquisas e geração de conhecimento”, disse o Representante Adjunto da Opas/OMS no Brasil, Luis Codina.

O encontro desta semana foi organizado pela Unidade Técnica de Família, Gênero e Curso de Vida da representação da Opas/OMS no Brasil.

Fotos/Ilustrações: 

EBC