Você está aqui

Publicado em: 09/06/2016

Reunião de alto nível na ONU discute fim da epidemia de Aids até 2030

imprimirimprimir 
  • Facebook
ONU

Começou nesta quarta-feira (8) a Reunião de Alto Nível sobre o Fim da AIDS, em Nova York, que conta com a presença de ministros, altos funcionários, representantes de organizações internacionais, setor privado, sociedade civil, pessoas vivendo com HIV e demais parceiros. O objetivo da reunião é construir uma nova Declaração Política sobre o Fim da AIDS, que será assinada e acordada pelos Estados-membros para acelerar o ritmo do progresso da resposta à AIDS e atingir o fim da epidemia até 2030.

"A AIDS está longe de acabar", enfatizou o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, na abertura da reunião. "Nos próximos cinco anos, teremos várias oportunidades de mudar radicalmente a trajetória da epidemia e colocar um fim na AIDS para sempre. Apesar do progresso notável, se não agirmos, existe o risco de que a epidemia volte a se fortalecer em países de baixa e média renda", acrescentou.

Em seu discurso, Ban Ki-moon destacou que, quando se tornou Secretário Geral há dez anos, a AIDS ainda devastava famílias, comunidades e nações. Em muitos países de baixa renda, o tratamento era assustador: em 2007, apenas 3 milhões de pessoas, 1/3 das que necessitavam, tinham acesso a medicamentos antirretrovirais para salvar vidas.

"Fizemos um enorme progresso. Desde 2000, o total global de pessoas que recebem tratamento antirretroviral dobrou a cada três ou quatro anos, graças a medicamentos mais baratos, aumentando a concorrência e os novos financiamentos. Hoje, mais de 17 bilhões de pessoas são tratadas e milhões de vidas são salvas, assim como bilhões de dólares são economizados", disse o Secretário Geral.

Além disso, o mundo atingiu as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDG), as quais incluem travar e inverter a epidemia da AIDS, e novas infecções pelo HIV diminuíram 35% desde 2000. Notando que Ban Ki-moon estava satisfeito com a queda de 56% do número de casos de crianças com HIV nos últimos 15 anos, ele disse que quatro países já eliminaram o vírus completamente: Armênia, Bielorrússia, Cuba e Tailândia.

"Nada disso teria acontecido sem a liderança de pessoas que vivem com o vírus HIV e parceiros da sociedade civil em todo o mundo. Eles acreditaram que o tratamento mais equitativo e o acesso eram possíveis e garantiram que nós respondêssemos", disse o secretário. Ele ainda acrescentou que pessoas de todo o mundo quebraram o silêncio e trouxeram paixão às suas lutas, podendo fazer do final da AIDS uma realidade.

Reiterando que a Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030 afirma que o compromisso global para o fim da epidemia de AIDS no prazo de 15 anos, Ban Ki-moon ressaltou que a ação agora poderia evitar um número estimado de 17,6 milhões de novas infecções e 11 milhões de mortes prematuras entre 2016 e 2030.

"Mas devemos fazer uma mudança radical dentro dos próximos cinco anos, se quisermos alcançar essa meta", disse ele. "Isso requer um compromisso em todos os níveis: desde a infraestrutura global de saúde, a todos os Estados-Membros, organizações da sociedade civil e organizações não governamentais, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que tem lidado com a AIDS como uma questão humanitária e uma ameaça para a saúde humana e a segurança nacional", acrescentou.

A reunião também teve importantes falas do Presidente da Assembleia Geral da ONU, Mogens Lykketoft, que enfatizou que a reunião foi preparando o terreno para futuros progressos na criação de resultados saudáveis para todos os afetados pelo HIV, bem como a construção de sociedades mais fortes preparadas para desafios futuros.

"Não devemos aceitar que neste mundo de possibilidades incríveis existam 6 mil novas infecções de HIV diários e que 36,9 milhões de pessoas vivam com HIV", disse Mogens Lykketoft, presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, em suas observações de introdução. Ele também insistiu que os membros presentes indicassem coletivamente a intenção de lutar pela vitória e pelo fim da epidemia até 2030.

Segundo Lykketoft, esta é uma epidemia que compromete o desenvolvimento, causa impactos significativos no crescimento econômico e pode ser uma grave preocupação em situações de conflito e pós-conflito.

A reunião contará com uma revisão detalhada das realizações da implementação da Declaração do Compromisso do Combate ao HIV e da Declaração Política sobre o HIV, de 2006 e 2011, respectivamente, incluindo êxitos, práticas recomendadas, lições aprendidas, obstáculos e desafios.

No dia da abertura, será aprovado um projeto de declaração política intitulada "Uma forma rápida de acelerar a luta contra o HIV e de colocar fim na epidemia de AIDS até 2030". Além disso, no encontro, que será realizado até sexta-feira (10), com a presença de autoridades governamentais, representantes da sociedade civil e ativistas proeminentes na luta contra a doença, como Loyce Maturu, do Zimbabwe e Ndaba Mandela, neto de Nelson Mandela e órfão em consequência da AIDS.

As atividades incluirão uma série de painéis de discussão e eventos paralelos, incluindo assuntos como a aceleração do fim da AIDS para a transformação social e o desenvolvimento sustentável, o financiamento e o a ação para acabar com a doença e impedir novas infecções pelo vírus HIV.